LVIV, THE NEW YORK TIMES - Um comandante de polícia da Ucrânia, que ajudou a libertar Mariupol em 2014 após uma ocupação de um mês por forças apoiadas pela Rússia, se ofereceu para se entregar em troca da passagem segura de crianças que permanecem na cidade agora sitiada.
“Hoje, muitas crianças permanecem na cidade completamente destruída, que, se não forem salvas agora, morrerão nos próximos dias”, escreveu o comandante da polícia VIacheslav Abroskin no Facebook. “O tempo está se esgotando. Apelo aos ocupantes russos - deem a oportunidade de tirar as crianças de Mariupol. Em vez de crianças vivas, ofereço a mim mesmo.”
É improvável que as forças russas aceitem a oferta de Abroskin, mas seu post foi uma tentativa de melhorar a situação em Mariupol, que se tornou cada vez mais terrível à medida que muitos bairros foram tomados por tropas russas. De acordo com a Câmara Municipal de Mariupol, os moradores estão ficando sem comida e água.
“Mais e mais mortes por fome”, escreveu a Câmara Municipal em um post no Telegram. “Cada vez mais pessoas ficam sem alimentos. E todas as tentativas de lançar uma operação humanitária em larga escala para salvar o povo de Mariupol são bloqueadas pelo lado russo”.
O governo local estimou que 100.000 a 200.000 pessoas permanecem em Mariupol e milhares de pessoas foram levadas através da fronteira próxima à Rússia, muitas delas contra sua vontade.
Abroskin pediu três dias dentro da cidade para encontrar todas as crianças que pudesse e organizar sua retirada.
“No último posto de controle durante a viagem de volta com as crianças, vou me render”, escreveu ele. “Esta é a minha iniciativa pessoal. Minha vida pertence apenas a mim e a ofereço em troca da vida das crianças que ainda permanecem em Mariupol”.
Em seu post, ele lembrou os leitores e os militares russos de sua experiência como um dos principais líderes na luta contra as forças russas. Em 2014, separatistas pró-Rússia apoiados por tropas e equipamentos militares russos capturaram partes das regiões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. Para muitos ucranianos, a recente invasão de Moscou é a continuação de um conflito que já dura anos.
“Estou incluído em suas listas de sanções”, disse Abroskin à Rússia. “Eu estou procurando por vocês. Vocês conspiraram para me assassinar. Dezenas de vocês foram mortos e milhares de seus cúmplices foram detidos com a minha participação.”
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