O presidente-executivo da BP, Tony Hayward, vai entregar o cargo em breve e já negocia os termos de sua demissão. O anúncio formal deverá ser feito na segunda-feira, segundo informações obtidas pela BBC. Hayward foi duramente criticado por sua condução da crise detonada pelo vazamento de óleo no Golfo do México, após a explosão da plataforma Deepwater Horizon em 20 de abril. Analistas dizem que a notícia foi bem recebida nos Estados Unidos: pescadores locais no Golfo do México afirmaram torcer para que a saída marque um novo início para a BP. O congressita americano Ed Markey, no entanto, disse que quem quer que assuma no lugar de Hayward enfrentará dificuldades para corrigir o legado deixado pelo britânico. O editor de negócios da BBC, Robert Peston, afirmou que Hayward deve ser substituído pelo norte americano Bob Dudley, que atualmente comanda a operação de limpeza da mancha. Resultados A BP afirmou que "Hayward permanece nosso principal executivo e conta com o apoio da diretoria e da chefia". Segundo Peston, a BP se prepara para uma mudança na direção há algum tempo, mas a empresa esperava alcançar algum progresso na contenção do vazamento e até que fosse possível quantificar os prejuízos do desastre. A BP deve divulgar seus resultados para o segundo trimestre na terça-feira. A expectativa é de que a empresa anuncie um fundo de até US$ 30 bilhões (cerca de R$ 53 bilhões) para cobrir os custos da contenção do vazamento, pagamento de indenizações e multas, que devem resultar em prejuízos enormes no período. A diretoria da BP deve se reunir nesta segunda-feira, antes do anúncio. História Hayward trabalha na BP há 28 anos. Ele foi criticado por congressistas americanos por não assumir a responsabildade pela explosão da plataforma no Golfo do México, que causou a morte de 11 pessoas. Muitos políticos se decepcionaram com as respostas de Hayward durante uma sabatina no Comitê de Energia e Comércio do Congresso, no mês passado. Na ocasião, Hayward foi acusado de não responder as perguntas "e chutar a lata (da responsabilidade) rua abaixo". Desde o vazamento, o presidente-executivo da BP já havia sido criticado por dizer que "só queria sua vida de volta", e que o Golfo é um "grande oceano". Ele também foi criticado por comparecer a um evento de velejadores em junho passado quando, segundo a Casa Branca, entre outros, deveria estar cuidando do vazamento. Análise Muitos afirmam que, do ponto de vista de relações públicas, o provável substituto de Hayward, Bob Dudley, tem a vantagem de ser americano e falar com sotaque americano. Ele cresceu no Mississipi e, segundo a BP, "tem profunda apreciação e afinidade com a costa do Golfo". Dudley trabalha na BP desde 1999, depois da fusão da empresa com a companhia americana Amoco, e entrou para a diretoria em abril de 2009. Richard Pike, presidente executivo da Royal Society of Chemistry, da Grã-Bretanha, afirmou que a percepção é a chave por trás da mudança. "Se os seus principais acionistas têm a impressão de que há um grande problema aqui, isso está acima do que o presidente-executivo ou a diretoria possam ter feito", diz ele. "De várias maneiras, a mudança do presidente-executivo é tanto prática como simbólica; tudo depende de reputação." "A BP espera que os próximos dias marquem o início de um novo começo da empresa", acrescentou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.