O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, rejeitou nesta quarta-feira, 10, o envio de forças da Organização das Nações Unidas (ONU) à região de Darfur, afirmando que elas não eram necessárias e que as tropas da União Africana (UA) poderiam manter a ordem nesta região devastada pela guerra, no Sudão ocidental. Seus comentários entram em contradição com declarações de funcionários sudaneses, que, no mês passado, afirmaram que o governo aceitaria um número limitado de forças da ONU, como também de funcionários da UA que haviam proposto que a organização mundial se encarregasse da manutenção de paz em Darfur. "Nossa experiência com as operações da ONU no mundo não é animadora", disse al-Bashir a um repórter da agência de notícias Associated Press, na sua residência, na quarta-feira. "Há no Sudão forças suficientes de países africanos para manter a ordem e elas podem se encarregar disso. Tudo o que precisamos é de recursos para os soldados da União Africana." As observações de al-Bashir revelaram que seu governo voltou atrás no que havia dito em dezembro, quando funcionários sudaneses disseram que Cartum iria implementar o plano para o envio de forças da ONU em Darfur, anunciado pelo ex-secretário-geral Kofi Annan, numa reunião em Addis Abeba. Mais de 200 mil pessoas foram mortas e 2,5 milhões obrigadas a deixar suas casas em quase quatro anos de conflito em Darfur. O presidente dos EUA, George W. Bush, chamou a violência de "genocídio" contra a comunidade étnica africana da região. Uma força da União Africana, com 7 mil soldados, tentou deter o conflito, mas seu comandante admitiu que eles carecem de armamentos. O presidente al-Bashir falou nesta quarta-feira, depois de conversações com o governador do Novo México, Bill Richardson, um provável candidato do Partido Democrático à Presidência, em 2008, que está visitando o Sudão numa missão para ajudar a trazer paz para Darfur. Richardson, que chegou no domingo, tinha esperanças de convencer al-Bashir a mudar de opinião com relação ao envio de forças da ONU, que havia sido aprovado pelo Conselho de Segurança em agosto.
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