O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, acusou a China nesta segunda-feira, 7, de tentar interferir no sistema político do país e de fazer “jogos agressivos” com as instituições democráticas canadenses e de outros países.
Os comentários de Trudeau foram feitos horas após a imprensa do Canadá noticiar que os serviços de inteligência do país acreditam que a China lançou uma campanha política que financiou ao menos 11 candidatos a deputados nas eleições gerais de 2019.
Trudeau disse que o Canadá tomou medidas para “reforçar a integridade do processo eleitoral” e que o país continuará a investir para combater a interferência eleitoral estrangeira. “Infelizmente, vemos países e atores estatais em todo o mundo, seja a China ou outros, continuarem fazendo jogos agressivos com as nossas instituições, com as nossas democracias, e é por isso que estamos criando novas ferramentas”, explicou.

“O mundo está mudando. E, em alguns casos, de forma assustadora. Temos de garantir que aqueles que são encarregados de nos manter em segurança todos os dias sejam capazes de fazê-lo, por isso continuaremos a investir em algumas destas ferramentas e recursos necessários”, acrescentou.
Segundo uma notícia do canal de televisão Global News, em janeiro os serviços de inteligência informaram Trudeau que a China havia lançado uma campanha no Canada que incluiu o pagamento de candidatos próximos ao Partido Comunista chinês, assim como a implantação de agentes nos escritórios de deputados canadenses para ganharem influência.
As relações diplomáticas entre Canadá e China atravessam um dos seus piores momentos desde dezembro de 2018, quando a polícia canadense prendeu Meng Wanzhou, uma cidadã chinesa que é diretora financeira da Huawei e filha do fundador da empresa de tecnologia chinesa, a pedido dos Estados Unidos.
Imediatamente após a prisão de Meng, a China prendeu dois cidadãos canadenses, Michael Spavor e Michael Kovrig. As autoridades de Pequim também retaliaram economicamente contra o Canadá pela prisão de Meng enquanto Ottawa multiplicou as suas denúncias contra a China por violações dos direitos humanos.
Meng esteve sob prisão domiciliar no Canadá até setembro de 2021, quando a China e os EUA chegaram a um acordo e Washington retirou o seu pedido de extradição para a diretora da Huawei. Ao mesmo tempo que Meng retornou à China, Pequim libertou Spavor e Kovrig.
Apesar da libertação de Meng, Spavor e Kovrig, as relações diplomáticas entre Canadá e China não voltaram ao normal. Na semana passada, o governo canadense anunciou que forçará três empresas chinesas a vender as suas participações em empresas de mineração canadenses por considerar a sua presença uma ameaça à segurança nacional. /EFE