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Primeiro-ministro do Líbano pede diálogo com oposição

Milhares de seguidores da oposição acampam perto da sede do governo desde sexta-feira, paralisando o coração comercial e financeiro da capital libanesa

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Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, que conta com o apoio do Ocidente, pediu nesta quarta-feira, 6, à oposição liderada pelo Hezbollah que coloque fim aos protestos de rua e que regresse à mesa de negociações, prometendo que não seria coagido a deixar seu cargo. "As ruas não vão resolver os problemas. Não há outra alternativa que não seja sentarmos para negociar", afirmou Siniora para simpatizantes dele, no gabinete de governo, em Beirute. Milhares de seguidores da oposição acampam perto da sede do governo desde sexta-feira, paralisando o coração comercial e financeiro da capital libanesa. Os opositores exigem a renúncia do premiê. As manifestações provocaram choques violentos entre os muçulmanos xiitas, que apóiam o Hezbollah, e os aliados de Siniora, que são sunitas. Os conflitos alimentaram os temores de que uma onda de violência espalhe-se pelo país, palco de duas guerras civis nos últimos 50 anos. "Esse negócio (dos protestos) não traz resultados. Isso cava trincheiras. Não constrói um país", disse Siniora. "Estamos abrindo nossos corações e estendendo a mão para todos a fim de que nos sentemos para resolver os problemas." A oposição exige que seja formado um governo de unidade nacional e acusa o premiê de não ter dado apoio ao Hezbollah, aliado da Síria, durante a guerra com Israel. Os partidários de Siniora acusam seus adversários de usarem os protestos para atrapalhar a formação de um tribunal internacional encarregado de julgar os acusados pelo assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro libanês Rafik al-Hariri, um crime que muitos no Líbano atribuem à Síria. O governo sírio nega envolvimento. Impasse As propostas feitas por políticos libaneses e pelo secretário-geral da Liba Árabe, Amr Moussa, não conseguiram, por enquanto, romper o impasse. O Hezbollah e os aliados dele, entre os quais um popular partido cristão, desejam controlar um terço dos ministérios do país, o que lhes daria poder de veto. Políticos disseram que Siniora parecia ter aceitado uma proposta de aumentar o número de vagas no gabinete de governo de 24 para 30. Nove ou dez dessas vagas iriam para a oposição, 19 para a coalizão anti-Síria e uma ou duas para ministros neutros. A oposição deu sinais de que isso estava aquém de suas exigências. A maioria governista diz que concorda com a criação de um governo de unidade nacional desde que essa medida seja adotada como parte de um acordo mais amplo garantindo que o Parlamento aprovará os planos sobre o tribunal internacional e a antecipação das eleições presidenciais. O presidente libanês, Emile Lahoud, é um político pró-Síria cujo mandato foi prorrogado em 2004 e que deve continuar no cargo até novembro de 2007. Líderes de países ocidentais e de países árabes estão dando apoio a Siniora. Os dirigentes do Egito, da Arábia Saudita e da Jordânia, todos sunitas, parecem preocupados com a crescente influência do Irã, um país xiita, no Líbano. Os iranianos custeiam o Hezbollah. Integrantes do governo e da oposição trocaram acusações sobre quem seria o responsável por alimentar a violência sectária. No domingo, um manifestante xiita foi morto. Segundo pessoas ligadas ao Hezbollah, o crime teria sido cometido por milícias leais a Saad al-Hariri, filho de Rafik e chefe da maioria anti-Síria. Saad rebateu a acusação e alertou que o Hezbollah não deveria recorrer a sua milícia, uma força bem armada, para resolver o impasse. "Se o Hezbollah direcionar sua milícia contra os libaneses, ele não apenas perderá nosso apoio e o apoio dos libaneses, como dará início a um conflito interno e sectário", disse Saad ao jornal Asharq al-Awsat.

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