Primeiro-ministro perde voto de confiança, governo cai e Portugal deve ter eleições antecipadas

No cargo há cerca de um ano, Luis Montenegro se envolveu em escândalo por suposto conflito de interesses; presidente pode dissolver Parlamento até o final da semana

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Por Redação

LISBOA - O primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, perdeu nesta terça-feira, 11, uma moção de confiança no Parlamento, o que provocou a queda do governo nomeado há cerca de um ano. O resultado abre caminho para eleições antecipadas.

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Envolvido em um escândalo por suposto conflito de interesse, Montenegro foi derrotado em votação que uniu os socialistas, principal partido de oposição no Parlamento, a extrema direita representada pelo Chega! e os deputados da extrema esquerda.

Com isso, Portugal deve caminhar para a terceira eleição legislativa em menos de quatro anos, se o presidente Marcelo Rebelo de Sousa decida dissolver a Assembleia da República.

Segundo informações da imprensa portuguesa, Sousa convocou os partidos para audiências no Palácio de Belém na quarta-feira e chamou a reunião do Conselho de Estado para a quinta. O decreto com a dissolução do Parlamento deve ser publicano na sexta.

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Na saída do Parlamento, Luis Montenegro disse que o governo tentou até a última hora evitar o cenário de eleições antecipadas. Ele nega irregularidades.

Primeiro-ministro de Portugal Luis Montenegro durante a votação no Parlamento que derrubou o governo.  Foto: Patricia De Melo Moreira/AFP

Na segunda-feira, os socialistas apresentaram o pedido formal para criar uma comissão parlamentar de inquérito sobre o suposto conflito de interesse envolvendo o primeiro-ministro de Portugal. Ainda na segunda, Montenegro respondeu por escrito às perguntas da oposição. Mas o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, disse que isso não bastava “para dissipar as suspeitas”.

Montenegro, líder do Partido Social-Democrata, de centro direita, governava sem maioria absoluta no Parlamento e foi abalado por uma série de escândalos. O principal tem a ver com a prestadora de serviços de propriedade da sua esposa e filhos que tem contratos com várias empresas privadas, incluindo um grupo sujeito a concessões públicas.

Desde que essas revelações vieram à tona, Luis Montenegro anunciou que a empresa familiar ficaria exclusivamente nas mãos dos seus filhos. Antes disse, ele já havia superado duas moções de censura.

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Se o Parlamento for de fato dissolvido, as eleições antecipadas podem ser realizadas em 11 ou 18 de maio. Montenegro disse que sairia candidato se fosse o caso.

O líder da centro-direita chegou ao poder no ano passado com as eleições que se seguiram à renúncia do socialista António Costa, investigado por um suposto tráfico de influência. Costa, que atualmente ocupa o cargo de presidente do Conselho Europeu, sempre negou as acusações.

Na mesma eleição em que Luis Montenegro se tornou primeiro-ministro, o partido de extrema direita Chega! tornou-se a terceira força do Parlamento ao sair de 12 para 50 cadeiras com 18% dos votos./AFP

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