DUBAI, Emirados Árabes Unidos — A proposta do presidente Donald Trump para que os Estados Unidos “assumam o controle” da Faixa de Gaza e realoquem permanentemente moradores palestinos foi rapidamente rejeitada nesta quarta-feira, 5, por aliados e adversários americanos.
A sugestão de Trump veio em uma entrevista coletiva na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu. O presidente americano detalhou um plano para construir novas moradias para palestinos fora da Faixa de Gaza, e para os EUA assumirem a “propriedade” de reconstruir o território devastado pela guerra na “Riviera do Oriente Médio”.
Egito, Jordânia e outros aliados americanos no Oriente Médio já rejeitaram a ideia de realocar mais de 2 milhões de palestinos de Gaza para outras partes da região.
A Arábia Saudita, um importante aliado americano, criticou com dureza a ideia de Trump de assumir o controle da Faixa de Gaza, observando que seu longo apelo por um Estado palestino independente era uma “posição firme, constante e inabalável”.
“O reino da Arábia Saudita também enfatiza o que havia anunciado anteriormente em relação à sua rejeição absoluta à violação dos direitos legítimos do povo palestino, seja por meio de políticas de assentamento israelenses, anexação de terras palestinas ou esforços para deslocar o povo palestino de suas terras”, disse a declaração.

Da mesma forma, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse a repórteres em Canberra, Austrália, que seu país há muito apoia uma solução de dois Estados no Oriente Médio e que nada mudou. “A posição da Austrália é a mesma de hoje, do ano passado e de 10 anos atrás”, disse ele.
Trump já fez deu declarações que irritaram aliados de longa data, sugerindo a compra da Groenlândia, a anexação do Canadá e a possível tomada do Canal do Panamá.
Albanese, cujo país é um dos mais fortes aliados americanos na região da Ásia-Pacífico, criticou as perguntas sobre os planos de Trump. “Não vou, como primeiro-ministro da Austrália, fazer um comentário diário sobre declarações do presidente dos EUA”, ele disse. “Meu trabalho é apoiar a posição da Austrália.”
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O Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia também informou em comunicado que seu “apoio de longa data a uma solução de dois Estados está registrado” e acrescentou que, igualmente, “não comentará todas as propostas apresentadas”.
Por sua vez, o Hamas, que desencadeou a guerra com seu ataque terrorista a Israel em 7 de outubro de 2023, disse que a proposta de Trump era uma “receita para criar caos e tensão na região”.
“Em vez de responsabilizar a ocupação sionista pelo crime de genocídio e deslocamento, ela está sendo recompensada, não punida”, disse o grupo terrorista.
Nos EUA, políticos da oposição rejeitaram rapidamente a ideia de Trump, com o senador democrata Chris Coons chamando os comentários do presidente de “ofensivos, insanos, perigosos e tolos”.
A deputada democrata Rashida Tlaib, membro palestino-americana do Congresso por Michigan, acusou Trump em uma publicação nas redes sociais de “pedir abertamente por limpeza étnica” com a ideia de realocar toda a população de Gaza. /AP