Quadro de Picasso buscado por autoridades filipinas reaparece na casa da mãe do futuro presidente do país

‘Femme Couchee VI’ foi comprada com recursos desviados do Estado e é procurada desde 2014

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Por Redação
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MANILA - “Desaparecida” há anos, uma pintura de Pablo Picasso que as autoridades filipinas tentam apreender foi localizada novamente nesta sexta-feira, 13, na casa da ex-primeira dama Imelda Marcos, mãe de Ferdinand “Bongbong” Marcos, futuro presidente do país.

A equipe de comunicação de Marcos, que venceu as eleições na segunda-feira, divulgou algumas fotografias do político na casa da nonagenária Imelda. Ao fundo, é possível ver o que parece ser o quadro Femme Couchee VI (Mulher Reclinada VI), obra atribuída a Picasso.

A ex-primeira-dama das Filipinas em audiência em Manila, em novembro de 2018. Foto: Ted Aljibe/AFP Foto: TED ALJIBE / AFP

Autoridades filipinas tentam sem sucesso apreender a peça desde 2014, como parte de uma decisão judicial que determinou que 156 obras de arte da coleção particular de Marcos foram compradas com recursos desviados do Estado.

Procurada desde então, a pintura – ou uma cópia dela – foi vista publicamente pela última vez na mesma casa, ao lado de uma tela de Camille Pisarro, em imagens de um documentário crítico à vida opulenta da ex-primeira-dama, The Kingmaker, dirigido pela americana Lauren Greenfield e exibido em 2019. “Picasso está de volta!”, escreveu Greenfield no Twitter após a reaparição.

Imelda Marcos posa ao lado da pintura 'Femme Couchee VI', atribuída a Picasso, em foto de 2002 Foto: Toto Tarrosa / EFE

Após a exibição do documentário de Greenfield, em que Imelda se gabava de que o marido “sabia ganhar dinheiro e ela sabia gastá-lo”, a Comissão procurou sem sucesso o quadro na casa da ex-primeira dama, localizada na área metropolitana de Manila.

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Quando chegaram ao local, no entanto, a pintura adquirida pela família Marcos em 1971 havia sido substituída por algumas fotografias, disse o ex-presidente da Comissão Andy Bautista.

Mulher Reclinada VI faz parte de uma coleção de arte privada da família Marcos avaliada em cerca de US$ 500 milhões, segundo a Comissão Presidencial para o Bom Governo, criada para recuperar parte do dinheiro desviado pela poderosa dinastia. A família Marcos é acusada de desviar US$ 10 bilhões durante as décadas que permaneceu no poder.

O pai de Bongbong, Ferdinand Marcos, governou o país entre 1965 e 1986, período que incluiu nove anos de lei marcial. Expulsos por uma revolução de caráter popular, Marcos e Imelda partiram para o exílio.

Bongbong se negou durante a campanha a denunciar os excessos de brutalidade e corrupção de sua família, preferindo evitar as menções ao que aconteceu naquele período. /EFE e AFP