Quem é Mariann Edgar Budde, a bispa que fez apelo a Trump e depois foi questionada pelo presidente?

Primeira mulher a servir como líder espiritual da Diocese Episcopal de Washington, bispa pediu misericórdia aos imigrantes e à comunidade LGBT+

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Por Elizabeth Dias (The New York Times) e Tim Balk (The New York Times)
Atualização:

A bispa Mariann Edgar Budde fez um apelo direto ao presidente Donald Trump por misericórdia aos imigrantes e à comunidade LGBT+, o que ganhou destaque na terça-feira, 21. Em resposta, Trump exigiu um pedido de desculpas por dizer que ele estava espalhando o medo entre imigrantes e pessoas LGBT+.

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A bispa Budde, de 65 anos, é a primeira mulher a ocupar o cargo de líder espiritual da Diocese Episcopal de Washington e está à frente da diocese desde 2011. Antes de se mudar para Washington, ela passou quase duas décadas como reitora da Igreja Episcopal de St. John, em Minneapolis. Ela se formou na Universidade de Rochester, no estado de Nova York, e cresceu entre Nova Jersey e Colorado. Ela gosta de andar de bicicleta por Washington.

Desde o verão passado, sua diocese, que inclui a Catedral Nacional, planejava sediar um serviço de oração no dia seguinte à posse, independentemente de quem vencesse a presidência. Independentemente do resultado, ela tinha a intenção de pregar, disse.

Mariann Edgar Budde discursa durante o Serviço Nacional de Oração na Catedral Nacional de Washington, em Washington, DC, em 21 de janeiro de 2025  Foto: Jim Watson/AFP

Em 2020, a bispa Budde escreveu um artigo de opinião no The New York Times afirmando estar “indignada” e “horrorizada” pelo uso que Trump fez da Bíblia, que ele ergueu na Igreja de St. John depois que policiais usaram gás lacrimogêneo contra manifestantes por justiça racial na vizinha Lafayette Square. Ela escreveu que Trump “usou símbolos sagrados” enquanto “defendia posições antitéticas à Bíblia”.

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Na terça-feira, ela novamente teve uma mensagem para Trump. Com o presidente sentado na frente da igreja, ela encerrou seu sermão pedindo a ele “para ter misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora”. Ela citou pessoas LGBTQ+ e imigrantes — aparentemente respondendo aos esforços do presidente para reprimir a imigração ilegal e desmontar proteções federais para pessoas transgênero.

A bispa afirmou que a unidade exigia honestidade, humildade e reconhecimento da dignidade de todos os seres humanos, “recusando-se a zombar, menosprezar ou demonizar.”

Trump olhou para baixo. O vice-presidente JD Vance, sentado próximo, levantou as sobrancelhas.

“Eu peço que tenha misericórdia, sr. Presidente”, ela disse, acrescentando: “todos nós já fomos estrangeiros nesta terra”.

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Trump não pareceu apreciar o serviço. Mais tarde, disse a repórteres que não foi “muito emocionante”. “Podiam fazer muito melhor”, ele acrescentou, aparentemente se referindo aos organizadores do serviço. Posteriormente, o presidente escreveu em sua rede Truth Social: “a suposta bispa que falou terça-feira no Serviço Nacional de Oração é uma esquerdista radical que odeia Trump. Ela tinha um tom desagradável, não era convincente nem inteligente”.

Bispa pede a Trump ‘misericórdia’ durante sermão

A bispa Mariann Edgar Budde falou ao presidente Trump durante um serviço de oração inaugural, pedindo que ele mostrasse misericórdia aos imigrantes e à comunidade LGBTQ+.

“Deixe-me fazer um último apelo, sr. Presidente: milhões colocaram sua confiança em você. E como o senhor disse ontem à nação, sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome de nosso Deus, eu peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora. Existem crianças gays, lésbicas e transgênero em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas com medo de suas vidas. E as pessoas, as pessoas que colhem nossos alimentos e limpam nossos escritórios, que trabalham em fazendas avícolas e frigoríficos, que lavam os pratos depois que comemos em restaurantes e trabalham nos turnos noturnos de hospitais — eles podem não ser cidadãos ou ter a documentação correta, mas a grande maioria dos imigrantes não são criminosos. Peço que tenha misericórdia, sr. Presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados, e que ajude aqueles que fogem de zonas de guerra e perseguições em seus próprios países a encontrar compaixão e acolhimento aqui, sr. Presidente.”

O presidente Trump observa a bispa Mariann Budde durante cerimônia realizada nesta terça Foto: Evan Vucci/AP

Em uma entrevista por telefone, a bispa Budde se recusou a comentar a reação de Trump ao serviço. Ela disse que “não estava necessariamente chamando o presidente à atenção”, mas decidiu fazer seu apelo “por causa do medo” que viu nas comunidades de imigrantes e LGBTQ+ de Washington. Ela queria que Trump “se lembrasse das pessoas que estão assustadas”, afirmou. “Eu estava tentando dizer: o país foi confiado a você”, acrescentou. “E uma das qualidades de um líder é a misericórdia.”

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Mas ela também esperava que seus comentários ecoassem muito além dos ouvidos de Trump. Pouco mais da metade do país agora expressa algum apoio à deportação de todos os imigrantes não autorizados que vivem nos Estados Unidos, de acordo com uma pesquisa recente do The New York Times e Ipsos.

A bispa Budde disse que sentiu uma mudança na “licença” que os americanos sentiam para serem “realmente bastante cruéis”. “Eu queria lembrar a todos nós que essas pessoas são nossos vizinhos”, concluiu.

c.2024 The New York Times Company

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

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