Realizado por artistas egípcios no terceiro século d.C, o obelisco de granito tem 24 metros de altura e pesa 160 toneladas, é dividido em 11 seções e decorado com representação de portas e janelas que indicam os palácios reais do mundo após a morte. Quando os soldados italianos ocuparam a cidade de Axum, no final de 1935, encontraram o monolito no chão, quebrado em três pedaços. Dividido em seis partes, foi arrastado por centenas de soldados italianos e eritreus até o porto de Massaua onde foi embarcado em navio para Nápoles. Dali seguiu para Roma de trem. Na capital o monumento foi remontado, fixando as partes que haviam sido separadas com eixos de bronze. Colocado perto do Circo Massimo, ao lado do prédio da FAO, que durante o período fascista era sede do Ministério da África Italiana, permanece lá até hoje. Segundo acordo assinado em 1947, o obelisco devia ser restituido em 18 meses. Para os etíopes não está bem claro ainda o que impede o governo italiano de restituí-lo. A verba para o difícil e delicado transporte - cerca de US$ 1 milhão, teria sido autorizada desde o ano passado. E os impecilhos técnicos não são vistos como boa desculpa. "Mussolini conseguiu transportá-lo, por que a moderna teconologia não seria capaz?" perguntam. Mas os problemas técnicos para transportar um monumento enorme, pesado e delicado foram decisivos para adiar a volta, assim como as crises internas do país africano. Em 1997 o então presidente italiano Oscar Luigi Scalfaro, em viagem oficial a Adis Abeba, prometeu solenemente resolver a questão de uma vez por todas. Os técnicos do Ministério dos Bens Artísticos e Arquitetônicos, que analisaram as condições de estabilidade do monumento, demoraram quatro anos para dar a autorização. Restava, como ainda permanece, o problema do transporte. O governo etíope prefere que seja via aérea, apesar do aeroporto de Axum ainda não estar pronto. E tem preferência também pelo tipo de avião: McDonnell Douglas CI7. Mas o problema maior é como colocar o obelisco de 24 metros lá dentro visto que dividi-lo, como em 1937, pode colocar em risco sua integridade. Segundo especialistas é perigoso dividir a coluna, seja nos mesmos pontos onde foi cortada em 37 como em outros. Ele pode se quebrar. Além disso a base foi fixada com cimento e para retirá-lo dali corre-se o risco de provocar sérios danos em todo o monolito. É justamente por isso que o atual vice-ministro da Cultura, Vittorio Sgarbi, foi categoricamente contrário à restuituiçao e chegou até a ameaçar se demitir se o obelisco fosse "cortado". O governo etíope protestou energicamente várias vezes e em março passado o premier Meles Zenwi afirmou que "se a Itália decidir ficar com o monumento nossas relações sofrerão profundamente". Depois do acidente de segunda feira, o polêmico Vittorio Sgarbi - conhecido por suas provocações e ataques de agressividade, declarou: "Agora que está quebrado, pode até ser devolvido, visto que para viajar ele deverá ser dividido em pedaços". A reação etíope ainda não foi divulgada.