Rato gigante identifica 109 minas terrestres, bate recorde mundial e entra para o Guinness Book

Conheça Ronin, que sozinho livrou uma área de uma comuna de Camboja dos perigos dos artefatos

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Foto do author Clayton Freitas

Um rato gigante africano da Tanzânia chamado Ronin entrou para o Guinness World Records por ter quebrado o recorde mundial de detectar e identificar minas terrestres no Camboja.

Foram 109 minas detectadas e 15 itens de munições, incluindo morteiros e granadas não detonadas, chamados de UXO. Ele superou o recorde anterior de Magawa, outro rato que identificou 71 minas terrestres e 38 UXOs nos seus cinco anos de serviço. Ronin localizou as minas na comuna de Sror Aem, em Preah Vihear, Camboja, entre agosto de 2021 e fevereiro de 2025.

Ronin localizou 109 minas e 15 itens de munições na comuna de Sror Aem, em Preah Vihear, Camboja, entre agosto de 2021 e fevereiro de 2025.  Foto: Maria Anna Caneva Saccardo Cater/APOPO

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Ronin foi treinado pela organização belga sem fins lucrativos Apopo. A ONG usa ratos para detectar minas pelo fato de os roedores serem pequenos e leves o suficiente para não acionarem os artefatos. Eles conseguem identificar os objetos pelo composto químico que carregam.

Segundo a Apopo, um rato pode vasculhar uma área do tamanho de uma quadra de tênis em 20 minutos, espaço que demoraria de um a quatro dias para um humano.

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Ronin fará seis anos em agosto e, pela previsão de seus tratadores, terá ao menos mais dois anos de trabalho pela frente. Isso porque, geralmente, a Apopo aposenta os ratos quando eles completam oito anos de idade.

Ronin nasceu e foi criado em Morogoro, na Tanzânia, em um centro de treinamento da Apopo na Universidade de Agricultura de Sokaine.  Foto: APOPO

Conheça os HeroRATs

Ronin e Magawa são alguns dos ratos treinados pela Apopo, sigla que em holandês significa Anti-Persoonsmijnen Ontmijnende Product Ontwikkeling, ou Desenvolvimento de Produtos para Remoção de Minas Terrestres Anti-Pessoais, em tradução literal. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos belga que, há 25 anos, treina ratos da espécie Cricetomys ansorgei, também chamados de “rato gigante”.

No caso de Ronin, ele nasceu e foi criado em Morogoro, na Tanzânia, em um centro de treinamento da Apopo na Universidade de Agricultura de Sokaine.

Ele, assim como os outros ratos, é chamado pela Apopo de HeroRAT. Além do Camboja, eles também atuam para detectar minas e explosivos não detonados na Ucrânia, no Azerbaijão e na Angola.

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No caso específico do Camboja, décadas de conflito deixaram o país contaminado com cerca de 4 a 6 milhões de minas terrestres e outras munições não detonadas. Desde 1979, cerca de 20 mil pessoas morreram e outras 45 mil ficaram feridas devido a acidentes provocados por esses artefatos no país.

Estima-se que em 60 países do mundo existam cerca de 100 milhões de minas terrestres, segundo a Mine Action Review, ONG que atua para monitorar os artefatos ao redor do mundo.

Os HeroRATs também são capazes de detectar odores indicativos de que alguém tem tuberculose. Esse trabalho é feito atualmente na Etiópia, no Moçambique e na Tanzânia.

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