Representante checheno diz que Rússia rejeita diálogo

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Por Agencia Estado
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Um enviado dos rebeldes chechenos expressou hoje a disposição de promover negociações de paz, sem pré-condições, sobre o fim da guerra na república separatista, mas o gabinete do presidente russo rejeitou secamente a oferta, depois da crise trágica de reféns da semana passada. A oferta, feita na abertura do Congresso Mundial Checheno, que criou um incidente diplomático entre a Rússia e a Dinamarca, foi feita dias depois de rebeldes chechenos invadirem um teatro de Moscou. O ataque terminou no sábado com mais de 150 mortos, depois que forças russas lançaram um gás sonífero e retomaram o prédio. "Exortamos e estamos pedindo a (o presidente russo, Vladimir) Putin, e declaramos nossa disposição de dar início a conversações de paz sem qualquer termo preliminar", disse Akhmed Zakayev, um representante do líder separatista Aslan Maskhadov. Os chechenos presentes à conferência de dois dias se distanciaram do ataque ao teatro, mas o departamento de informação de Putin afirmou que garantias de que Maskhadov não esteve envolvido eram uma "flagrante mentira", divulgou a agência de notícias russa Interfax. "Depois da crise de reféns em Moscou, o que pode ser discutido com as pessoas cujo papel na organização do ato terrorista é mais do que óbvio?", questionou o departamento de informação, citando ameaças atribuídas a Maskhadov e Zakayev. Cerca de 100 chechenos, ativistas de direitos humanos russos e de outros países europeus reuniram-se num hotel no centro de Copenhague para discutir formas de pôr fim às lutas entre tropas da Rússia e separatistas rebeldes. Zakayev disse que os russos e os chechenos precisam de ajuda para resolver a questão. "Declaramos que necessitamos de grupos de monitoração e da assistência de sociedades internacionais", afirmou. A Rússia fez duras críticas à Dinamarca por permitir a realização da conferência. O governo dinamarquês anunciou no domingo que a cúpula entre Rússia e União Européia (UE) de 11 de novembro seria transferida de Copenhague para Bruxelas, e encontros bilaterais de 12 de novembro foram cancelados, depois de Putin ter ameaçado não participar, devido ao congresso checheno. A Dinamarca, na presidência rotativa da UE até dezembro, recusou-se a cancelar o congresso, citando o direito constitucional de liberdade de expressão e de reunião na nação escandinava de 5,3 milhões de habitantes. Autoridades da UE aprovaram a decisão de mudar a cúpula com a Rússia para a capital belga e reiteraram pedidos por uma solução política para a guerra na Chechênia. "O governo dinamarquês não tem alternativa senão respeitar a Constituição dinamarquesa", considerou o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi. A Rússia insiste numa solução militar na Chechênia e se recusa a negociar com os rebeldes, a quem acusa de terem vínculos com o terrorismo internacional. O encontro em Copenhague "é organizado e financiado por terroristas chechenos, seus cúmplices e patrocinadores da Al-Qaeda", acusou o ministério do Exterior russo, num comunicado. A Chancelaria russa também afirmou que a posição da Dinamarca "coloca em questão" sua sinceridade na guerra internacional contra o terrorismo e o futuro das relações entre os dois países.

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