Com o controle da Câmara, os republicanos agora não poderão ser apenas o partido do "não" e precisarão atuar em diversas áreas, incluindo a formulação do orçamento. Caso contrário, correm o risco de decepcionar a base que os levou à vitória sobre os democratas nas eleições para o Congresso nesta semana. Ao avaliar o novo cenário, Mitch McConnell, líder republicano no Senado, disse em entrevista ao Wall Street Journal que tem observado episódios do passado para entender o porquê de a oposição quase sempre fracassar "dois anos depois de tomar o poder do Legislativo ou - como no caso desta semana - obter um ótimo resultado". Segundo o senador, que tem montado uma estratégia para evitar que os republicanos sofram um revés 2012, "é preciso trabalhar com inteligência para deixar tudo preparado para o candidato do partido ser competitivo". Um dos erros de partidos da oposição que saíram bem nas eleições do meio de mandato foi o de agir como se tivessem assumido o poder. "Não podemos atuar como se tivéssemos tomado o governo, quando não tomamos", disse, acrescentando ser preciso manter o foco "nos erros de (Barack) Obama".Nas eleições para o Congresso na terça-feira, os republicanos, capitaneados pelo movimento ultraconservador Tea Party, conseguiram maioria na Câmara, apesar de não terem assumido o controle do Senado.A vitória dos republicanos na eleição para a Congresso trouxe certo conforto para a Casa Branca em relação ao déficit fiscal do país, hoje em US$ 1,3 trilhão. A partir de janeiro, o problema passa a ser responsabilidade da maioria republicana na Câmara, que terá força para emendar e votar o projeto de orçamento de 2011 e do ano seguinte. Se o corte de gastos pesar negativamente no crescimento econômico, Obama poderá facilmente jogar a culpa nos republicanos. Se a iniciativa trouxer resultados positivos, surfará na melhora dos indicadores econômicos do país. O esforço da Casa Branca e dos democratas, neste momento, será convencer os republicanos a aprovar a prorrogação do orçamento de 2010, que expira em 3 de dezembro, até fevereiro. Se isso não ocorrer, o governo Obama ficará completamente parado, sem autorização nem mesmo para desembolsar recursos para gastos correntes, enquanto o orçamento definitivo para 2011 não for aprovadoA Casa Branca vai tentar extrair essa prorrogação da atual legislatura, de maioria democrata. O desafio de Obama é o de atrair a Washington os deputados e senadores de seu partido que não foram reeleitos na terça-feira para negociar com republicanos e votar essa medida.O ano-fiscal de 2011 nos EUA começou em 1.º de outubro sem que o orçamento para esse período tivesse sido aprovado. Diante da mobilização dos parlamentares para as eleições, o Congresso prorrogou o orçamento para evitar a paralisia do governo.