WASHINGTON - Os republicanos avaliam alternativas para bancar o projeto de lei que combina redução de impostos com medidas para reprimir a imigração, promessas de campanha do presidente Donald Trump. Entre as opções sobre a mesa está a imposição de tarifas de 10% sobre todas as importações e cortes nos gastos com saúde.
Com maiorias estreitas na Câmara e no Senado, o partido está em busca de uma combinação que possa cobrir as propostas mais caras de Trump, sem desagradar os defensores da austeridade fiscal, preocupados com a dívida pública, nem os centristas, mais resistentes aos cortes em programas populares.
A ideia passar um projeto abrangente, com redução de impostos e medidas contra imigração, usando para isso o procedimento especial do Congresso para leis orçamentárias. Assim, seria possível passar a proposta no Senado com maioria simples e garantir a aprovação mesmo que todos os democratas votem contra.

O plano, contudo, esbarra em republicanos preocupados com os gastos públicos e resistentes em apoiar propostas que aumentem a dívida. Só a redução de impostos poderia custar US$ 5 trilhões.
Os republicanos na Câmara se reuniram para discutir as alternativas nesta quarta-feira, 23, dias depois que uma lista de 50 páginas com opções para reduzir gastos começou a circular pelo partido. Vários cortes em análise atingiriam programas que atendem aos americanos mais pobres para custear um redução de impostos que beneficiaria de forma desproporcional os mais ricos.
A lista de opções inclui revogar subsídios criados pelo Affordable Care Act, o Obamacare, e reduzir os gastos do governo federal com o Medicaid, programa de saúde para as pessoas de baixa renda.
Uma das possibilidades seria estabelecer requisitos de trabalho para adultos aptos e sem dependentes que recebem o Medicaid. Isso faria com que 600 mil pessoas perdessem a cobertura, de acordo com estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso, reduzindo os gastos federais em pelo menos US$ 100 bilhões na próxima década.
Os republicanos calculam ainda que poderiam conseguir US$ 20 bilhões com impostos sobre academias gratuitas em locais de trabalho, bem como as refeições e alojamentos fornecidos pelos empregadores. Outra opção seria tributar toda a renda de bolsas de estudo, atualmente isentas, o que produziria receita de US$ 54 bilhões.
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Tributar importações nos Estados Unidos, uma medida frequentemente defendida por Trump, também poderia ser lucrativa. O documento lista uma tarifa de 10% sobre todos os bens como uma opção que renderia quase US$ 2 trilhões, embora muitos republicanos tenham dito que não acreditam que as tarifas de Trump devam ser transformadas em lei.
Algumas das alternativas mais lucrativas são as mais difíceis de aprovar, como o fim da dedução de impostos sobre juros de hipotecas residenciais. Isso poderia economizar US$ 1 trilhão ao longo de 10 anos, de acordo com o documento do comitê de orçamento. Mas corretoras de imóveis e legisladores de distritos suburbanos com muitos proprietários seriam contra e a medida dificilmente sobreviveria ao lobby.
Outra medida que enfrentaria resistências seria revogar os subsídios para energia limpa. A medida poderia gerar US$ 800 bilhões, mas esbarra na resistência dos republicanos de Estados beneficiados com recursos para a transição energética./NY Times