Gabinete de Netanyahu deve se reunir nesta sexta-feira para votar cessar-fogo após impasse

EUA se dizem confiantes de que acordo deve ser implementado no fim de semana, como esperado, apesar do impasse que surgiu após anúncio

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Por Redação
Atualização:

TEL AVIV - O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu deve votar na sexta-feira o acordo de cessar-fogo e liberação de reféns na Faixa de Gaza, disseram autoridades do governo, sugerindo que as divergências com o grupo terrorista Hamas teriam sido superadas.

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A reunião estava prevista inicialmente para esta quinta-feira, mas Netanyahu acusou o grupo terrorista de descumprir o acordo para obter concessões de última hora e disse que só convocaria o governo para votar o acordo quando a questão estivesse resolvida. O Hamas negou as alegações de Israel.

Depois de aprovado pelo governo israelense, a previsão é que o cessar-fogo entre em vigor no domingo. Apesar dos impasses que surgiram de última hora, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse esperar que o acordo seja implementado como esperado.

Fotos de reféns sequestrados no ataque terrorista do Hamas. Pelo menos 33 devem ser libertos na primeira fase do acordo de cessar-fogo. Foto: Jack Guez/AFP

“Estou confiante e espero plenamente que a implementação do acordo comece, como dissemos, no domingo”, disse Blinken. “Não é exatamente surpreendente que em um processo, uma negociação, que tem sido tão desafiador e tão tenso, possa haver uma ponta solta. Estamos resolvendo essa ponta solta neste momento”.

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Enquanto isso não acontece, novos bombardeios atingiram a Faixa de Gaza e deixaram dezenas de mortos, segundo o ministério da saúde palestino, que não faz a distinção entre civis e combatentes. O Exército israelense disse ter atacado 50 alvos ligados ao grupo terrorista.

O braço armado do Hamas alertou que o contínuo bombardeio israelense em Gaza, após o anúncio de cessar-fogo, coloca em risco os reféns que seriam libertos. “Nesta fase, qualquer agressão e bombardeio do inimigo pode transformar a libertação de um prisioneiro em uma tragédia”, disseram as Brigadas Al-Qasam no Telegram, se referindo às dezenas de reféns israelenses presos em Gaza desde o ataque terrorista de 7 de outubro.

Ministro de Netanyahu ameaça renuncia

O acordo vai à votação do gabinete israelense colocando pressão política de Netanyahu, que corre o risco de perder aliados da extrema direita que insistem na continuidade da guerra até que o Hamas seja totalmente destruído.

Nesta quinta-feira, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, afirmou que ele e o seu partido deixarão o governo se o gabinete aprovar um cessar-fogo com o Hamas em Gaza, mas afirmou que não derrubará a coligação.

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Ben Gvir, do partido de extrema direita Poder Judaico, chamou o acordo de “irresponsável” e declarou que consideraria voltar ao governo liderado por Netanyahu se a guerra recomeçasse após a primeira fase de um cessar-fogo.

“Se este acordo irresponsável for aprovado e implementado, o partido Poder Judaico não fará mais parte do governo”, declarou Ben Gvir durante uma coletiva de imprensa em Jerusalém.

Mesmo assim, ele esclareceu que “Sob [sua] liderança, o Poder Judaico não derrubará Netanyahu e não agirá com a esquerda [...] contra o governo”.

“Para a libertação dos reféns, a ajuda humanitária enviada a Gaza deve ser completamente interrompida”, afirmou. “Somente sob essa condição o Hamas libertará os nossos reféns sem pôr em perigo a segurança de Israel”, acrescentou.

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O acordo anunciado por Catar e Estados Unidos após intensa negociação é dividido em três etapas. Na primeira, com duração de seis semanas, 33 reféns devem ser trocados por prisioneiros palestinos. Além disso, as tropas israelenses devem se afastar de áreas densamente povoadas da Faixa de Gaza, permitindo o retorno de civis deslocados pelo conflito.

A próxima etapa, que ainda será negociada, prevê a libertação do restante dos reféns e a retirada completa do Exército de Israel. Esse ponto enfrenta resistência da ala de extrema direita do governo, que espera retomar a guerra contra o Hamas após a pausa nos combates./AFP, AP e NY Times

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