WASHINGTON-O Senado dos Estados Unidos confirmou Robert F. Kennedy Jr como secretario de Saúde e Serviços Humanos nesta quinta-feira, 13. O ativista antivacina irá supervisionar um dos mais importantes departamentos do governo americano.
Ele superou a profunda oposição de grande parte da comunidade médica e dos democratas, que imploraram aos republicanos para votarem contra a sua nomeação, apontando que ele é um perigo para a saúde pública. O senador Mitch McConnell, ex-líder republicano no Senado, foi o único de seu partido a votar contra a nomeação.
Kennedy garantiu o cargo com 52 votos a favor e 48 contra. Nenhum membro do Partido Democrata votou a favor.

Departamento
O Departamento Federal de Saúde e Serviços Humanos é uma uma agência extensa com 13 divisões operacionais, incluindo algumas – a Administração de Alimentos e Medicamentos, os Institutos Nacionais de Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças – que Kennedy chamou de corruptas.
Essas agências científicas já estão sofrendo com ataques diretos do governo Donald Trump. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) sofreu cortes orçamentários e acaba de perder o seu sub-chefe, que se aposentou por temer retaliações do governo Trump.
A revista científica semanal do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) não teve uma edição publicada no governo Trump porque a administração alegou que a revista precisava passar por uma revisão. A ordem atrasou um relatório da instituição sobre a gripe aviária.

Prioridades
A questão agora é: o que fará Kennedy com o seu novo poder e plataforma? o novo secretário de Saúde disse que quer combater a epidemia de doenças crónicas, livrar os supermercados de alimentos ultraprocessados e erradicar os conflitos de interesse nas agências federais e nos painéis de especialistas que as aconselham. Ele também prometeu “seguir a ciência” na pesquisa sobre segurança de vacinas.
Mas ele ofereceu poucos detalhes. Alguns dos aliados de Kennedy argumentam que ele conseguirá fazer mais se se concentrar em temas menos controversos, como as doenças crónicas e o abastecimento alimentar – questões que podem gerar um amplo apoio bipartidário.
Mas assessores ligados ao movimento de “segurança das vacinas” – que os seus críticos chamam de movimento antivacinas – querem que ele concentre as suas energias nisso.
Saiba mais
Vacinação
As opiniões de Kennedy sobre a vacinação estiveram no centro da oposição dos democratas contra ele. Kennedy afirmou que é a favor da vacina contra o sarampo e a vacina contra a poliomielite e não faria nada para impedir ou desencorajar as pessoas de tomá-las.
Mas ele se opõe à obrigatoriedade de vacinas, mesmo para crianças em idade escolar, e quando pressionado, recusou-se a aceitar o consenso científico dominante de que as vacinas não causam autismo.
Polêmicas
O novo secretário de Saúde coleciona diversas polêmicas envolvendo informações falsas sobre vacinas, incluindo que elas causam autismo — uma teoria que foi desmentida pela ciência. Na pandemia, ele também promoveu a hidroxicloroquina, um medicamento cuja autorização emergencial como tratamento para a covid-19 foi revogada pela agência federal Food and Drug Administration (FDA) depois que um estudo com 821 pessoas descobriu que ele não tinha eficácia.
Ele defende o consumo de leite que não passou por processos de pasteurização, apesar do aviso da FDA de que beber o leite dessa maneira é arriscado, principalmente em meio a uma epidemia atual de gripe aviária entre vacas leiteiras. O político também já criticou publicamente a recomendação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de que as comunidades coloquem flúor na água para se protegerem contra cáries.
Kennedy é filho do ex-procurador-geral dos Estados Unidos, Robert. F. Kennedy, e sobrinho do ex-presidente americano, John F. Kennedy, ambos do Partido Democrata. Inicialmente o secretário de Saúde queria desafiar o ex-presidente Joe Biden nas primárias democratas, mas optou por uma candidatura presidencial independente.
Em agosto do ano passado, Kennedy suspendeu a sua campanha para apoiar Trump./com NYT