Em 1989, os romenos derrubaram o ditador Nicolae Ceausescu - e o fuzilaram. Os militares e a elite comunista, porém, sobreviveram e o presidente designado, um ex-aliado de Ceausescu, teve 85% dos votos na eleição seguinte, em maio de 1990. Os serviços de segurança do Egito - Exército, paramilitares, Guarda Nacional e afins - têm um efetivo de cerca de 1 milhão de homens. Assim como no caso romeno, é possível que a elite governante egípcia elimine aos poucos a oposição, usando Mubarak como fantoche durante a transição, e realizando algumas reformas aparentes para dar uma ilusão de mudança. Como na Romênia, o controle estatal da mídia não acabaria no Egito e as eleições continuariam sendo manipuladas para garantir a vitória de algum político ligado à atual estrutura de poder. O que salvou a Romênia, no fim, foi seu desejo de se tornar membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia. O país, portanto, acabou adotando um sistema de governo democrático. Nenhum desses aspectos, contudo, está disponível para o Egito neste momento. PARA LEMBRARA ditadura de Nicolae Ceausescu começou a cair quando ele mandou reprimir um protesto na cidade de Timisoara. A violência se espalhou pelo país. A truculência da polícia secreta, a escassez de comida e a megalomania do ditador selaram seu destino. Em 25 de dezembro, ele e sua mulher foram fuzilados. Após sua queda, o comunista Ion Iliescu venceu a eleição presidencial de 1990, o que levou muita gente a afirmar que a revolução romena não passou de uma troca de guarda.