Um importante físico russo foi condenado a 15 anos de prisão por acusações de traição, marcando a mais recente penalidade imposta a um cientista envolvido no programa de mísseis hipersônicos da Rússia. Na última terça-feira, 3, um tribunal de Moscou considerou Alexander Shiplyuk, de 57 anos, diretor de um renomado instituto científico na Sibéria, culpado de “traição ao Estado”, após um julgamento realizado a portas fechadas. Ele foi preso em agosto de 2022. As informações são da BBC.
De acordo com a reportagem, nos últimos anos, mais de uma dúzia de cientistas russos seniores foram presos, sendo pelo menos três deles, incluindo Shiplyuk, associados ao prestigiado Instituto Khristianovich de Mecânica Teórica e Aplicada, em Novosibirsk, a maior cidade da Sibéria e um importante centro científico. Especialistas afirmam que esses julgamentos refletem um moderno estilo de “espionagem” e uma crescente paranoia entre as elites políticas russas em relação à produção militar do país.
Segundo o veículo independente Novaya Gazeta, Shiplyuk teria compartilhado informações confidenciais durante uma conferência científica na China em 2017. No entanto, ele nega as acusações, alegando que as informações que apresentou já estavam disponíveis em fontes abertas. O serviço russo da BBC informou que ele rejeitou um acordo judicial.
Leia também
Em maio, Anatoly Maslov, professor de aerodinâmica de 78 anos e colega de Shiplyuk no mesmo instituto, foi condenado a 14 anos de prisão por acusações de traição. Ele foi acusado de passar dados confidenciais sobre o programa de mísseis hipersônicos da Rússia para a inteligência alemã, ainda segundo a BBC. A Rússia se declara líder mundial em mísseis hipersônicos, capazes de atingir velocidades até 10 vezes maiores que a do som.
Os processos judiciais contra cientistas são frequentemente realizados em segredo, com poucos detalhes sobre as acusações sendo divulgados publicamente. A definição vaga de espionagem na Rússia facilita a abertura de processos contra cientistas, incluindo acusações relacionadas a projetos internacionais iniciados antes da invasão da Ucrânia, aponta a BBC.