O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, anunciou uma reforma ministerial nesta sexta-feira, 5, após a renúncia do titular da pasta da Defesa, John Hutton, o quarto ministro a deixar o governo nos últimos quatro dias.
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A reforma é vista por analistas como a última oportunidade para Brown tentar recuperar a sua autoridade e silenciar o movimento por sua renúncia. O primeiro-ministro se encontra com a popularidade em baixa e sob forte pressão, agravada pela expectativa de maus resultados nas eleições municipais e europeias e por um movimento no Parlamento para pôr em cheque a liderança do premiê e convocar eleições gerais. O próprio ex-ministro do Trabalho e Previdência James Purnell, que deixou o governo na quinta-feira, afirmou que o partido não poderia vencer uma eleição-geral sob a liderança de Brown. Já Hutton, que entregou o cargo nesta sexta-feira, afirmou que a decisão não se deve à crise e que continua "leal a Gordon Brown". Reforma Na dança de cadeiras ministerial, o ministro da Saúde, Alan Johnson,assumiu a pasta do Interior que estava sem titular desde a renúncia de Jacqui Smith. O combalido ministro das Finanças, Alistair Darling, deve ser mantido no cargo, da mesma forma que o titular da Justiça, Jack Straw. Nos últimos três dias, além de Hutton, Jacqui Smith e Purnell, entregou seus cargo também a ministra das Comunidades, Hazel Blears. Seus substitutos devem ser anunciados ainda nesta sexta-feira. David Cameron, líder do principal partido de oposição, o Conservador, disse que o governo está caindo em pedaços e pediu a convocação imediata de eleições gerais "pelo bem do país". O líder do Partido Liberal Democrata, Nick Clegg, reforçou o coro dos descontentes, ao afirmar que o governo trabalhista "está acabado". Reembolso A crise começou com o escândalo do reembolso de gastos pessoais de deputados, detonado pela publicação de relatórios de despesas apresentadas por parlamentares do governo e da oposição. Pedidos de ressarcimento de gastos com estrume para uso em jardins, manutenção de piscinas e pagamento de salários para governantas escandalizaram a opinião pública. A reforma ministerial foi anunciada no dia seguinte à realização de eleições municipais parciais no Reino Unido, cujos resultados só devem ser divulgados na tarde desta sexta-feira, mas que possivelmente indicarão uma retumbante derrota nas urnas para os trabalhistas. Os resultados das eleições para o Parlamento europeu sairão no domingo, e a expectativa é que sejam menos negativos. A pressão sobre Gordon Brown é tão grande que até dentro do Partido Trabalhista existe um movimento para submeter a liderança dele a uma votação. Uma pesquisa de popularidade encomendada pela BBC indica que a credibilidade de Gordon Brown atingiu os níveis mais baixos de sua gestão. A maiora dos britânicos acreditam que ele perdeu o contato com o povo e não tem capacidade para administrar a economia do país em recessão. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.