O ministro das Relações Exteriores da Somália, Mohamed Omaar, afirmou hoje que pediu à comunidade internacional ajuda para que o governo estabeleça uma guarda costeira para combater a pirataria no país. "Estabeleceremos uma guarda costeira porque isso é essencial para o estabelecimento da lei, tanto no litoral como nas águas somalis", disse ele. Omaar está em Bruxelas para participar de uma conferência internacional patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia (UE). O objetivo é levantar pelo menos 128 milhões de euros (US$ 166 milhões) em doações para as forças nascentes de segurança da Somália e para o contingente mantenedor da paz da União Africana na Somália.O plano é fortalecer a autoridade do governo sobre o país sem lei, incluindo as fortalezas dos piratas, e, dessa forma, evitar ataques a embarcações nas travessias marítimas em torno do Chifre da África. No entanto, mesmo com a Somália pedindo mais recursos navais, a questão não estava até agora na agenda de doadores internacionais, concentrados em forças terrestres. "Esta é a conferência é a mais importante já dedicada à Somália nos últimos 10 ou 15 anos", disse Omaar.Grupos de piratas atuando ao longo do litoral da Somália têm se tornado cada vez mais audaciosos nos dois últimos anos, sequestrando dezenas de navios mercantes com seus tripulantes, chegando a pedir resgates de até US$ 1 milhão por navio. Até agora, o governo não ousou atacar as fortalezas dos piratas, já que os líderes dos piratas têm mais poder do que o governo somali sitiado. A UE afirmou hoje que irá contribuir com 60 milhões de euros (US$ 77,6 milhões) para ajudar a aumentar a segurança na Somália.A Somália, sem um governo funcional desde 1991, está envolvida em uma série de conflitos que já forçaram 1,2 milhão de pessoas a deixar suas casas. O governo, apoiado pelo Ocidente, exerce quase nenhum controle fora da capital Mogadiscio. O governo do presidente xeque Sharif Sheik Ahmed, eleito em janeiro, quer construir uma força policial com cerca de 10 mil participantes e uma força de segurança com 6 mil participantes.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.