Atirador que matou 10 em Buffalo passou por avaliação de saúde mental após ameaças

Payton Gendron, de 18 anos, é acusado de matar 10 pessoas em incursão de motivação racista

PUBLICIDADE

Por Redação
Atualização:
3 min de leitura

Payton Gendron, responsável pelo ataque a tiros que deixou 10 mortos em Buffalo, no Estado de Nova York, nos EUA, no sábado, passou por uma avaliação de saúde mental após fazer ameaças generalizadas em sua escola no ano passado, disse Joseph A. Gramaglia, comissário de polícia da cidade ontem.

Gramaglia afirmou que as ameaças anteriores não eram de natureza racial. À época, a polícia estadual o encaminhou para um hospital, onde Gendron recebeu uma avaliação de saúde mental, sendo liberado um dia e meio depois do seu encaminhamento. Depois disso, ele “desapareceu” do radar da polícia.

“Não há nenhum registro na inteligência da Polícia Estadual, nada na inteligência do FBI”, disse Gramaglia. “Não houve nenhuma reclamação”. Questionado sobre se as contas de Gendron em redes sociais apresentavam algum conteúdo preocupante, Gramaglia disse apenas que “há muitas pessoas neste mundo que usam mídias sociais”.

Segundo a governadora do Estado, a democrata Kathy Hochul, para realizar o ataque, ele também teria feito pesquisas demográficas procurando um local com alta concentração de moradores negros, segundo autoridades policiais. Hochul afirmou que uma investigação sobre a chacina deve se concentrar em como o suspeito conseguiu escapar da vigilância apesar de ser conhecido pelas autoridades e representar uma ameaça.

No domingo, a polícia disse que Gendron foi detido com três armas: um rifle automático, uma espingarda e a arma semiautomática do tipo AR-15 que ele usou para realizar o ataque. A polícia continua investigando, disseram autoridades. Não há evidências neste momento de que ele tenha agido com outra pessoa.

O FBI investiga o caso como “crime de ódio” e “violência de extremismo racista”, disse à imprensa Stephen Belongia, agente especial da força em Buffalo. “Este foi um crime de ódio com motivação racial direta”, disse John Garcia, xerife do condado de Eerie, onde fica Buffalo.

Continua após a publicidade

Manifesto racista

Investigadores estão revisando um “manifesto” que se acredita ter sido publicado on-line pelo suspeito, que propaga ideias racistas contra negros e judeus.

Segundo a CNN, o documento tem pelo menos 180 páginas. O autor diz nas páginas que comprou munição havia algum tempo, mas não levou a sério o planejamento do ataque até janeiro.

Através das 180 páginas de escritos cheios de ódio que Payton S. Gendron postou na internet, um tema comum emergiu: a ideia de que os americanos brancos correm o risco de serem substituídos por pessoas de cor.

Atiradores fizeram referência à ideia racista, conhecida como “teoria da substituição”, durante uma série de ataques a tiros em massa e outros episódios de violência nos últimos anos. O conceito já foi associado à extrema direita, mas tornou-se cada vez mais popular, impulsionado por políticos e programas de televisão populares.

A crença foi diversas vezes a motivação para ataques nos Estados Unidos e além, desde o atentado em uma sinagoga em Poway, na Califórnia, em 2019, para a morte de 51 fiéis em ataques a tiros em duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, no mesmo ano.

Continua após a publicidade

A teoria racista foi diretamente referenciada em um texto de quatro páginas escrito pelo homem acusado de matar mais de 20 pessoas também em 2019, na cidade de El Paso, que descrevia um ataque em resposta à “invasão hispânica do Texas” e descrevia temores sobre o grupo ganhar poder nos Estados Unidos.

conhecida como “teoria da substituição” A teoria foi concebida no início dos anos 2010 por Renaud Camus, um autor francês que escreveu sobre o medo de um genocídio branco, argumentando que os imigrantes que dão à luz mais filhos representam uma ameaça para os brancos. /NYT e AP