O presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, descartou hoje que as milícias curdas conhecidas por "peshmerga" para que participem do novo plano de segurança do governo iraquiano destinado a acabar com a violência em Bagdá. O primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, anunciou o novo plano de segurança iraquiano, que será apoiado por tropas americanas, no último fim de semana dizendo que pretende acabar com os militantes em Bagdá. Talabani fez estas declarações em entrevista coletiva conjunta com o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, na cidade curda de Suleimaniya. "O novo plano de segurança será aplicado pelo Exército iraquiano... Os peshmerga não vão participar", assegurou Talabani, contrariando algumas informações anteriores sobre a participação de três brigadas dos peshmerga no plano. Talabani previu que o novo plano de segurança será melhor que os anteriores, que não conseguiram trazer segurança e estabilidade a Bagdá, cidade com cerca de cinco milhões de habitantes. "De acordo com o plano, só o Exército poderá carregar armas", acrescentou o presidente iraquiano, referindo-se a que uma das metas principais do plano será a dissolução das milícias ilegais, acusadas de matar milhares de iraquianos. O conselheiro de Segurança Nacional iraquiano, Mouwafak Al-Rubaie, se negou a dar uma data para a aplicação do novo plano de segurança. Após sua reunião com o máximo clérigo xiita, aiatolá Ali Al Sistani, na cidade de Najaf, ao sul de Bagdá, Rubaie afirmou que os clérigos xiitas insistiram em que "deve aplicar a lei a todos os cidadãos, sem nenhuma discriminação". O novo plano tem como objetivo teórico não só lutar contra a insurgência sunita, como no passado, mas também contra as milícias xiitas que semeiam o terror em alguns bairros de Bagdá. Críticas sunitas O líder sunita, Harith al-Dhari, que comanda a influente Associação de Pensadores Muçulmanos, denunciou a investida do novo plano de segurança do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, em uma entrevista a um jornal local, dizendo que o governo xiita não é capaz de balancear a segurança. Além disso, al-Dhari afirmou que os planos de al-Maliki e de Bush é matar os sunitas. "Agora eles querem implementar um novo plano de segurança apoiados por Bush", disse al-Dhari. "Parece-me que Bush quer uma vingança contra os iraquianos que não aprovaram a presença de tropas americanas no país", acrescentou o líder. George W. Bush irá anunciar na noite desta quarta-feira sua nova estratégia para o Iraque. O anúncio oficial será feito a partir das 21 horas (meia-noite de Brasília), na Biblioteca da Casa Branca. Entre os pontos que foram vazados nos últimos dias está o envio de 20 mil soldados americanos ao Iraque.
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