Triunfo democrata em Nevada garante a Biden controle do Senado e amplia derrota de Trump

Democratas vencem disputa apertada com a chegada de votos da região de Las Vegas e garantem 50 vagas na Câmara alta; republicanos levam vantagem estreita na Câmara

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Por NYT
Atualização:

Ao vencer a disputa em Nevada por uma vaga no Senado, os democratas garantiram neste sábado, 12, o controle da Casa, um cenário considerado improvável antes da eleição de renovação do Congresso, ocorrida na terça-feira, 8. O resultado dá fôlego ao presidente Joe Biden, com baixa popularidade em função principalmente da alta inflação. Também amplia a derrota do ex-presidente Donald Trump, cujos candidatos foram em sua maioria superados por políticos moderados.

Durante a maior parte da apuração em Nevada, a senadora Catherine Cortez Masto, democrata e primeira latina eleita para o Senado, esteve atrás do republicano Adam Laxalt, um ex-procurador-geral do Estado. Ela virou na reta final. Com 97% das urnas apuradas, tinha 48,7% dos votos, ante 48,2% do rival.

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A senadora Catherine Cortez Masto, em campanha com o ex-presidente Bill Clinton. Foto: Mario Tama/Getty Images/AFP Foto: Mario Tama/Getty Images/AFP

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A reviravolta se tornou uma tendência quando as cédulas com votos pelo correio começaram a ser contadas. A democrata passou a receber a proporção de dois votos para um do republicano. O resultado foi definido em grande parte pelos votos do Condado de Clark, que inclui a cidade de Las Vegas, conhecida por ser um reduto democrata. Nesta região, ela bateu o rival por margem de 61% a 36%, o que garantia uma vantagem de 5 mil votos.


Assim, o Partido Democrata chegou a 50 senadores – número necessário para ter a maioria da Casa. Com a vitória em Nevada, os democratas ficam com metade das cadeiras no Senado e com o voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris, que garante a governabilidade.

Senadora e candidata a vice-presidente Kamala Harris fala em evento de mobilização de eleitores em Orlando. Voto decisivo em caso de empate no Senado. Foto: Octavio Jones/Getty Images/AFP Foto: Octavio Jones/Getty Images/AFP

No início do sábado, os democratas venceram a disputa no Arizona, com o triunfo do senador Mark Kelly sobre o republicano Blake Masters. Kelly, visto como um dos candidatos mais vulneráveis do partido, contou com o apoio de democratas nacionais e de alguns republicanos do Estado que abriram mão da disputa, com o argumento de que a vitória democrata seria necessária para defender a democracia americana.

Com o resultado em Nevada, os democratas nem precisarão vencer na Geórgia, onde o senador democrata Raphael Warnock foi para o segundo turno com o republicano Herschel Walker, uma lenda do futebol americano universitário e apoiado por Trump. A disputa está marcada para o dia 6. Há dois anos, o controle do Senado também foi decidido na Geórgia, com duas vitórias em segundo turno dando o controle da Câmara Alta aos democratas. Um triunfo na Geórgia, entretanto, daria a Biden margem para propor projetos mais ambiciosos, sem se preocupar com eventual dissidência de democratas de perfil mais conservador.

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Os republicanos se aproximaram do controle da Câmara, mas por uma margem menor do que a esperada. Eles obtiveram pelo menos 211 assentos, enquanto os democratas garantiram 204. São necessários 218 para controlar a Casa. Caso os republicanos confirmem a retirada da Câmara das mãos dos democratas, a tendência é que projetos de Biden enfrentem ainda mais resistência. Tendem a passar pela Casa apenas aqueles que possam contar com apoio bipartidário.

Paul Brandus, jornalista por trás da conta de Twitter West Wing Reporter e autor de diversos livros sobre a história da política americana, lembra que as eleições de meio mandato costumam ser ruins para os presidentes. Ele observa que desde a 2.ª Guerra o presidente somou assentos apenas duas vezes nessas eleições.

“Joe Biden não ganhará assentos. Ainda assim, é um evento realmente surpreendente e histórico, porque a onda vermelha esperada não ocorreu”, frisa o analista. Uma das razões apontadas por ele é que, embora os eleitores estivessem preocupados com inflação, eles também estavam atentos a possíveis restrição do direito ao voto a ao aborto.

“Os resultados desta eleição enviaram uma mensagem a muitos republicanos de que o presidente Trump é um peso no partido, que eles precisam superá-lo. Se eles tivessem tido mais sucesso, acho que ainda não teriam chegado a essa conclusão e estariam dispostos a aceitar Trump concorrendo novamente”, avalia o cientista político e professor da Universidade de Michigan, Jonathan Hanson. COLABOROU LUCIANA ROSA

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