Níveis de radiação de Chernobyl estão dentro do normal após saída de tropas russas, diz AIEA

Relatos de que local foi devolvido aos ucranianos surgiram nesta quinta-feira, 31; tropas invasoras já não estão mais na usina, afirma agência estatal

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Por Adela Suliman, Ellen Francis, David L. Stern, Max Bearake e Paulina Villegas
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3 min de leitura

WASHINGTON POST - Os níveis de radiação da usina nuclear de Chernobyl estão “bastante normais” após a saída das tropas russas nesta sexta-feira, 1º, de acordo com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. Um dia após os relatos de que o local foi devolvido aos ucranianos, nenhuma tropa russa estava perto da usina, informou a Agência Estatal de Gerenciamento da Zona de Exclusão da Ucrânia.

A empresa estatal de energia atômica da Ucrânia, Energoatom, disse em um comunicado no Telegram que todos os equipamentos tecnológicos da usina e os sistemas de monitoramento de radiação estavam “funcionando normalmente” nesta sexta-feira.

A usina de Chernobyl, cenário de um grande desastre em 1986, foi uma das primeiras instalações estratégicas apreendidas pelas tropas russas no início da guerra contra a Ucrânia em fevereiro. A captura provocou alarme internacional e levantou temores de um acidente nuclear.

Imagem mostra integrante do exército russo de guarda na Usina Nuclear de Chernobyl, no dia 7 de março. Tropas russas se retiraram do local nesta sexta-feira, 1º Foto: Ministério da Defesa da Rússia / via EFE

Rafael Grossi, que visitou uma usina nuclear ucraniana no início desta semana e viajou para a Rússia nesta sexta-feira para conversar com funcionários de alto escalão, considerou a retirada russa de Chernobyl “sem dúvida, um passo na direção certa”.

“Temos dito que a usina precisava ser operada por seus próprios operadores (…) em circunstâncias normais, que obviamente não estavam presentes quando você tinha tropas estrangeiras”, disse Grossi.

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Em uma entrevista coletiva nesta sexta, ele ainda afirmou que a AIEA enviaria uma missão “muito, muito em breve” a Chernobyl. Grossi considerou os níveis de radiação observados após a invasão “bastante normais”, exceto por um lugar em específico com radiação mais alta devido ao movimento dos veículos pesados, que levantam poeira radioativa.

A visita exigirá rotas seguras para circular pela zona de conflito. A AIEA também planeja estabelecer um “mecanismo de assistência rápida”, que em caso de emergência em uma instalação nuclear poderia enviar rapidamente uma equipe para avaliar e ajudar.

A AIEA também disse que não conseguiu confirmar relatos de que tropas russas receberam “altas doses de radiação” enquanto estavam estacionadas na zona de exclusão de Chernobyl. A agência disse que estava “buscando mais informações para fornecer uma avaliação independente da situação”.

As tropas russas estavam se retirando em direção à fronteira ucraniana com Belarus depois de anunciar planos de deixar a usina, disse a Energoatom em comunicado nesta quinta-feira, 31. Elas também pareceram se retirar da cidade satélite de Slavutich, acrescentou a Energoatom, onde vivem muitos funcionários de Chernobyl. As alegações não puderam ser verificadas de forma independente pela imprensa.

A zona de Chernobyl, um dos lugares mais contaminados radioativamente do mundo, permanece fechada desde 1986, embora um pequeno número de pessoas ainda viva na área – principalmente ucranianos idosos que se recusaram a se retirar ou retornaram após a evacuação da área.

Grandes quantidades de material radioativo contaminaram a terra ao redor da central nuclear de Chernobyl após o desastre de 1986. Hoje, uma “zona de exclusão”, onde a contaminação radioativa é mais alta, cobre cerca de mil milhas quadradas ao redor do local.

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O prédio que continha o reator explodido de 1986 foi coberto em 2017 com um enorme escudo destinado a conter a radiação que ainda emana da usina. Robôs dentro da fábrica trabalham para desmontar o reator destruído e coletar resíduos radioativos. Espera-se que demore até 2064 para terminar o desmonte seguro dos reatores.

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