WASHINGTON - O presidente americano, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 7, que os Estados Unidos iniciarão negociações diretas com o Irã no próximo sábado, 12, para discutir o programa nuclear iraniano. Se acontecer, o encontro será o primeiro entre os dois países desde 2015. Trump fez o anúncio ao lado do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, após uma reunião em que os dois discutiram questões comerciais e a guerra em Gaza.
O presidente americano, que em 2018 abandonou o acordo internacional que limitava o programa nuclear do Irã e instituiu uma política de sanções, tem pressionado por um diálogo direto com os iranianos, que até agora exigem que as conversas com Washington sejam indiretas, por meio de intermediários. No último domingo, Teerã, que ainda não confirmou o encontro, chamou o diálogo de “sem sentido”.

“As negociações diretas não fazem sentido com uma parte que constantemente ameaça usar a força, e cujos representantes expressam posições contraditórias”, afirmou o chanceler do Irã, Abbas Araqchi. “Mas continuamos comprometidos com a diplomacia e estamos prontos para tentar o caminho das negociações indiretas.”
No encontro com Netanyahu nesta segunda-feira, no entanto, Trump ignorou as declarações do Irã e garantiu que haverá um encontro, segundo ele, “quase do mais alto nível”.
“Teremos uma reunião muito importante no sábado e negociaremos com eles diretamente”, disse o presidente a jornalistas no Salão Oval. “Talvez cheguemos a um acordo, isso seria fantástico. Nos reuniremos no sábado em um encontro muito importante, quase ao mais alto nível.”
Trump se recusou a dizer onde será realizada a reunião com o Irã. Ele também não quis revelar se haverá alguma ação militar se o diálogo fracassar, mas fez uma ameaça. “Acho que, se as negociações não forem bem-sucedidas, o Irã estará em grande perigo, e odeio dizer isso”.
“Se as conversas não forem bem-sucedidas, acho que será um dia muito ruim para o Irã”, afirmou Trump.
O governo iraniano não se pronunciou. Desde 2015, quando foi firmado o acordo nuclear, representantes dos governos de EUA e Irã não se sentam na mesma sala. No seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA do acordo nuclear histórico com o Irã negociado durante o governo do democrata Barack Obama.
Já na presidência de Joe Biden, uma fracassada tentativa de ressuscitar o acordo, que estipulava limites às atividades nucleares iranianas em troca do alívio das sanções, foi realizada de maneira indireta.
No mês passado, Trump enviou uma carta ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, sugerindo negociações diretas para um novo acordo nuclear, que tem como objetivo evitar a militarização do programa nuclear. Os iranianos negam ter intenção de construir uma bomba atômica. Na semana passada, Trump elevou o tom, dizendo que se não houver um novo acordo poderia bombardear o Irã.
Israel apoia acordo
Ele anunciou os planos para esse encontro surpresa enquanto Netanyahu fazia uma visita emergencial à Casa Branca — a segunda em pouco mais de dois meses — para discutir as tarifas impostas por Trump a diversos países, o programa nuclear iraniano e a guerra entre Israel e o Hamas.
Netanyahu disse que apoia os esforços diplomáticos de Trump para chegar a um acordo com o Irã, acrescentando que Israel e os EUA compartilham o mesmo objetivo de impedir que o Irã desenvolva uma arma nuclear. O premiê israelense, conhecido por sua postura linha-dura contra Teerã e por já ter defendido ações militares, afirmou que daria boas-vindas a um acordo semelhante ao fechado pela Líbia com a comunidade internacional em 2003.
“Acho que isso seria algo bom”, disse ele. “Mas, aconteça o que acontecer, temos que garantir que o Irã não possua armas nucleares.”
Trump e Netanyahu também discutiram as tensões com o Irã, as relações entre Israel e Turquia e o Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu um mandado de prisão contra o líder israelense no ano passado. Em fevereiro, Trump assinou uma ordem executiva impondo sanções ao TPI devido às investigações contra Israel.
Netanyahu, ao chegar a Washington na noite de domingo, se reuniu com altos funcionários do governo Trump, como o secretário de Comércio Howard Lutnick e o representante comercial dos EUA Jameson Greer, para tratar sobre tarifas. Na segunda-feira, também se encontrou com Steve Witkoff, enviado especial de Trump para o Oriente Médio, antes de sua reunião com o presidente./AP