WASHINGTON - O presidente americano Donald Trump recebeu o ucraniano Volodmir Zelenski nesta sexta-feira, 28, em Washington. A expectativa era para assinatura do acordo sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro terminou com um bate boca no Salão Oval da Casa Branca.
O presidente dos Estados Unidos recebeu o ucraniano por volta das 13h25 (Brasília). Durante o encontro no Salão Oval da Casa Branca, Donald Trump chamou Volodmir Zelenski de “desrespeitoso” e disse que ele deveria ser “mais grato” na frente da imprensa.
Depois da discussão, a visita de Zelenski à Casa Branca foi encurtada e entrevista coletiva que estava prevista para esta tarde, cancelada.
Na véspera do encontro, Trump havia minimizado os comentários que fez sobre Zelenski, a quem chamou de “ditador”, repetindo o discurso russo. “Eu disse isso?”, perguntou, fingindo surpresa. “Não posso acreditar que disse isso”.

O acordo que seria assinado nesta sexta-feira em Washington permitiria que os Estados Unidos tenham acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos. Não ficou claro qual será o destino das negociações depois da discussão.
O acordo não prevê garantias absolutas de segurança, como queria a Ucrânia, embora Trump tenha dito que a cooperação funcionará como uma espécie de rede de segurança. “Não acredito que ninguém vá entrar em problemas se estivermos (na Ucrânia), com muitos trabalhadores para explorar minerais”, disse o presidente americano.
Especial três anos de guerra na Ucrânia
A Ucrânia possui quase 5% dos recursos minerais do mundo, mas os que Trump cobiça não são explorados em sua maioria, são difíceis de extrair ou estão sob controle russo, em territórios ocupados.
O encontro ocorreu no momento em que Ucrânia e Europa acompanham com preocupação a aproximação entre Estados Unidos e Rússia, que deram início às conversas para encerrar a guerra sem que os ucranianos estivessem presentes.
Trump havia reiterado ontem que confia no presidente russo, apesar das repetidas advertências da Europa sobre a fragilidade de qualquer trégua que não esteja acompanhada por um sólido aparato de controle e segurança, garantido pelos Estados Unidos. Ele disse estar convencido de que Putin “cumprirá sua palavra” em caso de cessar-fogo./AFP