Ucrânia enfrenta escassez de combustível após ataques russos a refinarias

Autoridades de Kiev pediram que moradores parem de dirigir veículos particulares para economizar combustível para as tropas ucranianas

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Por Redação
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KIEV - Motoristas fazem fila em postos de gasolina em toda a Ucrânia neste fim de semana, enquanto o governo luta para lidar com a escassez de combustível causada por ataques russos à infraestrutura de petróleo.

“Filas e preços crescentes em postos de gasolina são vistos em muitas regiões do nosso país”, disse o presidente Volodmir Zelenski na última sexta-feira, 29, em seu discurso noturno. “Os invasores estão destruindo deliberadamente a infraestrutura para a produção, fornecimento e armazenamento de combustível.”

A escassez de gasolina quase certamente afetará os esforços dos ucranianos deslocados para retornar às suas casas. E as agências de ajuda disseram que a escassez de combustível tornou as entregas de alimentos e outros suprimentos humanitários em todo o país cada vez mais difíceis. A maior parte da ajuda humanitária é trazida de fora do país e transportada por longas distâncias.

Zelenski disse que um bloqueio russo aos portos marítimos ucranianos significava que os estoques de reposição não poderiam chegar por navio.

Forças russas atacaram nesta semana a refinaria de petróleo de Kremenchuk, principal produtora de combustíveis da Ucrânia, juntamente com várias outras grandes refinarias. O Ministério da Defesa russo também disse que atingiu instalações de armazenamento de produtos petrolíferos usados pelos militares ucranianos.

Automóveis fazem fila em um posto de gasolina de Kiev por falta de combustível na região em meio à invasão da Rússia Foto: OLEG PETRASYUK

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Zelenski prometeu que o governo teria um sistema em vigor dentro de duas semanas para evitar a escassez. E a ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Sviridenko, prometeu eliminar a escassez em uma semana, mas alertou que os preços subiriam um pouco por causa da complicada logística de garantir combustível de fornecedores europeus.

A Ucrânia também vem experimentando o forte aumento do preço internacional do petróleo provocado pela guerra com a Rússia.

Kiev pede que moradores não dirijam

Autoridades municipais da capital Kiev pediram na sexta-feira que os moradores parem de dirigir veículos particulares para conservar o suprimento limitado de combustível da Ucrânia para as tropas que combatem a invasão russa.

A administração da cidade encorajou os passageiros a usar o transporte público, que está sendo restaurado lentamente depois que as forças russas abortaram sua tentativa de tomar a capital ucraniana há cerca de um mês. “Lembre-se das necessidades do exército”, disseram autoridades em um post do Telegram.

As medidas de guerra são um lembrete de que o aumento global nos preços da energia que se seguiu à invasão da Rússia em 24 de fevereiro teve consequências muito diferentes para Moscou e Kiev. Dois meses após o ataque da Rússia, os ucranianos fora do campo de batalha imediato estão lutando para recuperar um senso de normalidade.

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Por outro lado, a Rússia ganhou dezenas de bilhões de dólares com a exportação de petróleo e gás natural, principalmente para países da União Europeia.

A UE está enfrentando grandes desafios energéticos, com a Rússia suspendendo nesta semana os embarques de gás natural para a Polônia e a Bulgária. À medida que o bloco sanciona Moscou por sua agressão e se move para reduzir suas compras de energia da Rússia, os preços sobem.

O bloco ainda depende da Rússia para energia, com pagamentos mensais médios a Moscou para compras de combustíveis fósseis aumentando várias vezes nos últimos meses.

Os países da UE compraram cerca de US$ 46 bilhões em petróleo, gás natural e carvão da Rússia desde o início da invasão, ou cerca de US$ 23 bilhões mensais, de acordo com um relatório do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, um think tank com sede na Finlândia. No ano passado, as importações de energia russa da UE totalizaram US$ 104 bilhões, com uma média de pouco mais de US$ 8,5 bilhões mensais, segundo a Comissão Europeia.

Nos dois meses desde que atacou a Ucrânia, a Rússia exportou mais US$ 20 bilhões em combustíveis fósseis para países não pertencentes à UE, incluindo Coréia do Sul, Japão e Turquia, que condenaram a invasão do Kremlin. A China comprou cerca de US$ 7 bilhões em combustíveis fósseis russos desde o início da guerra./NYT e W.POST