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Vaticano rejeita ordenação de bispo chinês sem autorização do papa

Religioso seria membro da Associação Patriótica, a igreja 'oficial' criada pelo regime comunista, não reconhecida pelo Vaticano.

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Por BBC Brasil

O Vaticano informou nesta segunda-feira por meio de um comunicado que não reconhece como novo bispo de Leshan (cidade no centro-sul da China) o religioso Lei Shiyin, ordenado em 29 de junho sem autorização do papa Bento 16. O caso expõe a tensa relação entre o Vaticano e o governo de Pequim. De acordo a agência de noticias católica Asia News, Lei é vice-presidente da Associação Patriótica, a igreja "oficial" criada pelo regime comunista com o objetivo de controlar as atividades da chamada "igreja subterrânea", ligada a Roma, no país. Ele teria dois filhos ilegítimos e seria membro de um órgão do parlamento chinês. Para o Vaticano, a ordenação do religioso foi um "ato unilateral" que pode provocar tensões e divisão na comunidade católica chinesa. Para evitar perseguição, o Vaticano nem sempre divulga o nome dos religiosos ordenados na China. Direito Canônico Para justificar a decisão, a Santa Sé citou o Código de Direito Canônico da igreja, que prevê a excomunhão imediata de um bispo ordenado sem autorização do papa. Entretanto, não está claro se ele já foi oficialmente excomungado ou não. Caso seja punido, Lei não poderá receber o sacramento da comunhão nem desempenhar qualquer função na Igreja Católica oficial. A nota esclarece também que o religioso chinês já tinha sido avisado de que não seria aceito como bispo pela Santa Sé. A ordenação de Lei foi a primeira que o Vaticano considerou ilegítima após a divulgação, em junho passado, das normas que preveem a excomunhão aos bispos ordenados sem autorização papal. Segundo a Asia News, uma outra ordenação ilegal deveria ter ocorrido no dia 10 de junho, em Wuhan (cidade no leste do país), mas foi cancelada devido à pressão dos fieis. Outra ordenação, desta vez autorizada pelo papa e que deveria ser celebrada na província de Hebei (nordeste da China), foi impedida pela Associação Patriótica, que chegou a sequestrar o candidato. A reação do Vaticano foi dura porque havia ameaça de novas ordenações ilegais, segundo o padre Bernardo Cervellera, editor da Asia News. "A Associação Patriótica e o governo estão planejando outras dezenas de ordenações ilegais, criando um cisma de fato na Igreja chinesa e tornando inútil o esforço de João Paulo 2º e Bento 16 de reconciliar a igreja oficial e a subterrânea (na China)" , comentou Cervellera. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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