O general Francisco Belisario Landis, comandante da Guarda Nacional venezuelana, negou, nesta segunda-feira, qualquer responsabilidade de sua organização militar no protesto de rua que deixou dezenas de vítimas, em 11 de abril, e que resultou na saída temporária do presidente Hugo Chávez do poder. "Os guardas nacionais não são assassinos, não são canalhas e a responsabilidade pelas mortes não pode ser atribuída à nossa instituição", disse Belisario Landis, na última quinta-feira, no Congresso, ao ser interpelado pelos membros de uma comissão que investiga os fatos. Aliados e adversários de Chávez passaram semanas discutindo quem seria o responsável pelo atos de violência que provocaram a morte de 17 pessoas e deixaram outras 350 feridas, a maioria por ferimentos a bala, segundo informes médicos. Testemunhas de ambos os lados denunciaram que alguns francos-atiradores dispararam dos telhados dos edifícios contra os participantes de uma marcha da oposição. Vários simpatizantes armados de Chávez, agentes policiais e elementos da Guarda Nacional, dispararam armas automáticas também durante o confronto, como demonstram vídeos amadores e reportagens das principais estações de televisão do país. O comandante do Exército, general Efraín Vásquez, e outros altos oficiais se sublevaram contra Chávez após a ocorrência destes violentos distúrbios perto do palácio de governo e provocaram a derrubada do presidente. Chávez retomou o poder 48 horas depois. "Estamos fazendo um esforço supremo para identificá-los (os agentes da Guarda Nacional), se é que eles existem, e se fizeram uso de armas de fogo por contra própria", disse Belisario Landis. "Mas até agora não há nada conclusivo e muitos dos interrogados aqui, incluindo opositores, têm dúvidas sobre a autenticidade de muitos dos vídeos", enfatizou. O comandante da Guarda Nacional mostrou-se disposto a "entregar à Justiça" qualquer membro de sua força que tenha atirado contra "manifestantes desarmados". Ele disse que o Alto Comando militar adotou essa decisão após determinar que a situação, que "dava indícios de que seria violenta", assim se tornou quando, repentinamente, os organizadores da marcha opositora decidiram desviar seu roteiro original e encaminhar-se para a sede do governo. Dessa marcha participaram cerca de 500 mil pessoas.
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