Vetado na Argentina, projeto de legalização do aborto passa pelo Supremo no Brasil
Não há prazo para a ministra Rosa Weber apresentar seu voto, que ainda deverá ser submetido à apreciação dos demais ministros do plenário da corte
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Por Redação
O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou na segunda-feira uma audiência pública em que recebeu opiniões contrárias e favoráveis à descriminalização do aborto. No caso, os autores da ação, iniciada em 2017, pedem a permissão da prática até a 12.ª semana de gravidez. Na Argentina, o projeto foi vetado nesta quinta-feira, 9, por 38 votos a 31.
A ministra Rosa Weber, relatora no STF, conduziu as audições, que tiveram seu auge no atrito entre a magistrada e o senador Magno Malta (PR-ES).
Ele criticou o Supremo por supostamente estar invadindo uma competência que seria do Congresso Nacional, responsável pela elaboração de leis. Rosa, por sua vez, defendeu que a Constituição garante ao Supremo atuar em casos assim.
Argentinos reagem ao veto do Senado para a legalização do aborto
1 / 22Argentinos reagem ao veto do Senado para a legalização do aborto
Protestos na Argentina
O Senado argentino reprovou por 38 votos a 31 o projeto de lei que previa a legalização do aborto e a permissão para interrupção da gravidez até a 14.... Foto: Eitan Abramovich / AFPMais
Protestos na Argentina
A votação, cuja discussão durou mais de 15 horas, contou com duas abstenções Foto: Natacha Pisarenko / AP
Protestos na Argentina
Mais cedo, parlamentares opositores à medida anunciaram que já tinham os 37 votos suficientes para vetá-la Foto: Natacha Pisarenko / AP
Protestos na Argentina
A proposta havia sido aprovada em junho na Câmara dos Deputados depois de meses de discussões que dividiram o país Foto: Natacha Pisarenko / AP
Protestos na Argentina
Após o veto do Senado, os partidários da legalização do aborto terão de esperar ao menos um ano para apresentar um novo projeto de lei Foto: Natacha Pisarenko / AP
Protestos na Argentina
A decisão foi recebida com alegria pelos manifestantes que se opunham à medida Foto: Agustin Marcarian / Reuters
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“Esta votação nos permite reservar um tempo para refletir e fazer propostas superadoras e humanas para as mulheres vulneráveis. Não há vencedores ou v... Foto: Agustin Marcarian / ReutersMais
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Já a Anistia Internacional afirmou que a decisão "representa a perda de uma oportunidade histórica para o exercício dos direitos humanos das mulheres,... Foto: Natacha Pisarenko / APMais
Protestos na Argentina
Entre os defensores da legalização do aborto, a reação oscilou entre tristeza e raiva Foto: Eitan Abramovich / AFP
Protestos na Argentina
Alguns lançaram pedras e atearam fogo em lixeiras, enquanto a polícia tentava dissipar as pessoas com jatos de água e bombas de gás lacrimongêneo Foto: Marcos Brindicci / Reuters
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Sete foram presos nos incidentes, segundo a polícia Foto: Agustin Marcarian / Reuters
Protestos na Argentina
Os ativistas afirmaram que, apesar do veto à proposta, não se darão por vencidos Foto: TV Grab / Presidência da Argentina / AFP
Protestos na Argentina
Centenas de manifestantes contrários à lei do aborto se reuniram do lado de fora do Senado, em Buenos Aires Foto: David Fernández / EFE
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Os lenços verdes, dos defensores da lei, eram maioria Foto: David Fernández / EFE
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O setor contrário à medidaera formado, em geral, por grupos religiosos, munidos de cruzes Foto: David Fernández / EFE
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Em março,opresidente Mauricio Macrideclarou: "Há 35 anos estamos adiando um debate muito sensível que devemos ter como sociedade: o aborto" Foto: David Fernández / EFE
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Manifestações contra a legalização do aborto são marcadas pela cor azul celeste Foto: David Fernández / EFE
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Projeto de lei previaa descriminalização do aborto até a 14.ª semanade gravidez. Para que fosse aprovado, eram necessários ao menos 37 votos Foto: David Fernández / EFE
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Na América Latina, apenas dois países têm a prática do aborto descriminalizada - Cuba e Uruguai Foto: David Fernández / EFE
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Atualmente, a Argentina permite a realização do aborto apenas em casos de perigo para a saúde da mulher ou estupro Foto: David Fernández / EFE
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No panorama mundial, a descriminalização do aborto é mais presente em países do hemisfério norte Foto: David Fernández / EFE
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"Aborto legal, seguro e gratuito", pediam osfavoráveis àdescriminalização da prática na Argentina Foto: David Fernández / EFE
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Não há prazo para a ministra apresentar seu voto, que ainda deverá ser submetido à apreciação dos demais ministros do plenário da corte. Uma das autoras da ação, Luciana Boiteux, observa que o prazo de conclusão para ações desse gênero costuma ser de cinco a oito anos. "Mas acredito que, pela repercussão, o julgamento ocorra antes disso", declarou nesta semana.
O argumento dos autores é o de que a proibição do aborto fere preceitos fundamentais da Constituição, como o direito da mulher à vida e à dignidade. Hoje, a prática só é permitida em três casos no Brasil: gravidez resultante de estupro, risco de morte da mãe e feto anencéfalo.
Veja os confrontos na Argentina após o veto ao projeto de legalização do aborto
Entre aqueles contrários à descriminalização, predominam organizações religiosas, como a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Nomeado representante do órgão na audiência pública, d. Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS), diz que, além de defender "a vida desde a concepção", a Igreja tem propostas de políticas alternativas ao aborto, como as casas de acolhida.