A blogueira e dissidente cubana Yoani Sánchez lançou nesta quarta-feira , 21,um jornal digital, em um país onde o acesso à internet é limitado e a imprensa é controlada pelo governo. Ojornal 14ymedio.com foi lançado online com doações não identificadas de cerca de 150 mil dólares, com o foco em dar espaço para críticas ao governo.
"'14ymedio' é a evolução de uma aventura pessoal em um projeto coletivo", diz a publicação.
A primeira edição do jornal conta com uma ampla gama de temas, de política a cultura, com ênfase na crítica ao sistema de saúde cubano e um questionamento do status do beisebol como esporte nacional.
A cobertura inclui o artigo "Madrugada Vermelha: Havana está matando por aí", de Victor Ariel González , sobre a violência na capital da ilha. Também inclui artigos de opinião sobre o plano de reforma econômica que o presidente cubano, Raúl Castro, está implementando, assinado pela também blogueira dissidente Miriam Celaya, entre outros.
A publicação também traz entrevistas, reportagens e discussões sobre a participação dos cidadãos e o jornal do futuro.A maioria dos cubanos não pode ler o jornal, uma vez que apenas 2,6 milhões de pessoas de uma população de 11,2 milhões têm acesso à internet e muitos só podem ver a intranet controlada pelo governo.
Yoani, de 38 anos, é uma crítica severa do governo, contra o qual promoveu ataques em seu blog "Geração Y" e em sua conta da rede social Twitter. Seus posicionamentos a levaram à prisão em várias ocasiões. O nome do jornal é em homenagem ao ano em que foi criado e ao andar do apartamento onde Yoani vive. A equipe editorial é dirigida por seu marido, Reinaldo Escobar.
A equipe inclui outros profissionais. Além de dois jornalistas, há um dentista, um engenheiro civil e outros. De acordo com Yoani, eles não serão pagos pelo trabalho. A publicação não tem uma redação em Havana ou conexão de e-mail. Os jornalistas vão usar mensagens de texto de telefones celulares. As histórias serão enviados para a Internet através de acesso sem fio a partir de hotéis e locais públicos. / REUTERS