Quem estiver interessado, e curioso, para conhecer o novo integrante da GWM, já pode comparecer em um dos 101 pontos de vendas da marca espalhados pelo Brasil. Com reservas abertas há 15 dias - mediante pagamento de R$ 9.000 - o 300 acaba de ser lançado no Brasil e inaugura a marca Tank (de SUVs parrudos) no mercado nacional. Vendido em única versão de acabamento, o novato tem preço promocional de R$ 333 mil. Vale, no entanto, até 30 de abril.
Seja como for, o preço surpreende. Afinal, tanto Jeep Wrangler quanto Mercedes-AMG G 63 - inspirações veladas da GWM - são mais caros. Respectivamente, custam R$ 499.990 e R$ 1.989.900. Desse modo, o cliente que opta pelo Tank 300 acaba levando um jipão com visual retrô e modernidade de sobra, contudo, sem esvaziar tanto a conta bancária.
Em contrapartida, embora o 300 tenha semelhanças com a dupla, a GWM quer bater de frente, também, com Toyota SW4, Mitsubishi Pajero e Discovery Sport. Até mesmo SUVs premium, como Audi Q5, por exemplo, estão na mira.
Visual de jipe
No visual, o 300 mantém as linhas do modelo asiático. Destaque para os faróis redondos (cortados por uma faixa de LEDs), para-choque parrudo e a grade com filetes brilhantes. A carroceria é quadradona. O estepe vai pendurado na tampa traseira, que tem abertura lateral - como no Ford Ecosport.
Por dentro, ao contrário do exterior, nada de visual retrô. No habitáculo, que tem excelente espaço tanto para quem vai na frente quanto para quem vai atrás, a pegada é luxo. Destaque para os materiais premium que compõem o revestimento e para a tela inteiriça que engloba quadro de instrumentos e central multimídia (ambos, com telas full HD de 12,3″). Tem Apple CarPlay e Android Auto sem fio, wi-fi e conexão 4G, sistema de navegação GPS nativo, comandos de voz em português do Brasil e atualização remota de software.
As saídas de ar-condicionado redondas, à lá Mercedes-Benz, dão um toque especial à cabine, assim como o charme do relógio analógico no centro do painel. E a lista conta com volante aquecível e bancos revestidos de couro com ajustes elétricos, massagem, ventilação e aquecimento - o do motorista tem ajuste lombar. Tem iluminação ambiente com 64 cores disponíveis, teto solar (poderia ser panorâmico) e carregador de celular por indução.
Outros itens
O carro tem recursos para direção semiautônoma de nível 2. Assim, conta com frenagem de emergência autônoma, alerta de emergência de tráfego traseiro cruzado, estacionamento automático, controle de cruzeiro adaptativo com função Stop & Go, reconhecimento de sinais de trânsito, assistente de permanência em faixa e alerta de mudança de faixa, por exemplo. Além disso, tem seis airbags.
Ainda em tecnologia, conta com o controle de cruzeiro inteligente off-road. Na prática, o Jornal do Carro pode testar o recurso, que permite condução em terrenos extremamente acidentados apenas em baixa velocidade. Funciona entre 4 e 12 km/h e, assim, reduz a necessidade de uso dos pedais do acelerador e freio. Dá para controlar a velocidade pelas aletas atrás do volante. O sistema, em síntese, controla automaticamente o torque do motor, o gerenciamento da transmissão e o acionamento dos freios. Ao volante, parece que estamos em um mundo à parte, e livres de qualquer esforço.
Para ajudar no trajeto, aliás, tem bússola, inclinômetro, pressão atmosférica, ângulo de giro das rodas e por aí vai. Mas nada impressiona mais do que a capacidade de transpor até 700 milímetros de profundidade. Uma situação incomum, mas que o Tank 300 tira de letra. E, por falar em capacidades, são 32 graus de ângulo de entrada, 33° de ângulo de saída, e 22,2 centímetros de altura livre do solo. Ou seja, os diversos buracos das estradas brasileiras, valetas e depressões não são problema para o Tank 300. Por fim, são 440 kg de capacidade de carga, 750 kg de capacidade de reboque sem freio e 2.500 kg de reboque com freio. Peso em ordem de marcha: 2.630 kg.
Mais números
Ainda em números, as dimensões são generosas. De acordo com a ficha técnica, o Tank 300 tem 4,76 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,90 m de altura e 2,75 m de entre-eixos. O porte, no entanto, se assemelha ao aos principais concorrentes. No porta-malas, cabem generosos 863 litros. Mas o tampão precisa ser comprado à parte. Ou seja, o interessado vai precisar desembolsar um pouco além dos R$ 333 mil. Serão, aliás, 30 acessórios na linha que, segundo a marca, chegam em alguns dias à rede de concessionárias.
Motorização
O 300 tem motorização exclusiva para o mercado brasileiro. Em síntese, inaugura a plataforma Hi4T e, desse modo, o híbrido plug-in (recarrega em tomadas) tem um motor elétrico e um 2.0 turbo com injeção direta de gasolina combinados a um câmbio automático de nove marchas. Juntos, entregam 394 cv de potência e 76,5 mkgf de torque.
De acordo com a GWM, o motor elétrico fica posicionado entre o motor a combustão e a entrada da transmissão. Nessa configuração, os dois motores unem suas forças para enviar todo o torque gerado diretamente para o câmbio para depois distribuí-lo mecanicamente para os eixos dianteiro e traseiro.
Para completar o conjunto, o modelo traz bateria (fica no eixo traseiro) de 37,1 kWh, que aceita recarga rápida e proporciona autonomia de 75 km no modo 100% elétrico, conforme números do Inmetro. Cabe lembrar que a unidade movida por energia atua apenas no modo 2H. Além disso, o recurso V2L (Vehicle to Load) é capaz de fornecer energia para outros aparelhos, como cafeteiras, fornos, etc.
Com a proposta de reunir capacidade off-road e sofisticação, o modelo oferece tração 4×4 com opções de 2H, 4H e 4L (reduzida), além de bloqueio eletrônico de diferencial central, traseiro e dianteiro. São, no total, nove modos de condução: Padrão 2H, Padrão 4H, Padrão 4L, Neve, Montanha, Rocha, Lama e Areia, Estrada Acidentada e Expert – este último é totalmente personalizável.
E tem, ainda, os recursos Tank Steering e Tela Off-Road. O primeiro é um assistente de manobra em curva fechada que, ao simples toque de um botão no console central diminui o raio de giro em até 20%, possibilitando que o SUV faça um retorno de 180º num espaço muito menor. Já, o segundo, trata-se de uma câmera que ignora a existência da carroceria e, assim, permite com que tudo o que se passa por baixo do carro seja acompanhado pela central multimídia.
Primeira volta
Para conhecer o modelo, o JC foi até o Raceville, uma pista que fica na cidade de Brotas, interior de São Paulo. O ambiente era controlado e não deu para enfiar o pé com tudo no acelerador, mas deu para notar o quanto o SUV é disposto. Da inércia aos 100 km/h faz em 6,8 segundos. E o câmbio é bem escalonado. Mas claro que, em ambiente urbano, esse casamento entre motor e câmbio vai ficar ainda melhor.
Nessas três voltas na pista, a primeira impressão positiva é o isolamento acústico. A marca afirma que, para conseguir tanto silêncio a bordo, o Tank 300 conta com cancelamento ativo de ruído, janelas dianteiras antirruído, com dupla camada, e borrachas de vedação com três camadas.
Mesmo nesse rápido contato, dá para cravar que o carro tem pegada. Oferece respostas rápidas, boa aceleração e é ágil em curvas. A suspensão tem ótimo comportamento e a ergonomia também merece elogios, assim como a ampla área envidraçada.
PRÓS
Mescla interessante entre o moderno e o retrô. Isolamento acústico surpreende e capacidades 4x4 são, de fato, eficazes em ambiente off-road
CONTRAS
GWM Tank 300 não tem tampão no porta-malas como item de série e teto solar poderia ser panorâmico
FICHA TÉCNICA
GWM Tank 300
- Motor: 2.0 turbo, gasolina + elétrico
- Potência máxima combinada: 394 cv
- Torque máximo combinado: 76,5 mkgf
- Câmbio: Automático, 9 marchas; Tração 4x4 com opção 2H, 4H e 4L
- Bateria: 37,1 kWh
- Autonomia elétrica: 75 km (Inmetro)
- Comprimento: 4,76 metros
- Entre-eixos: 2,75 metros
- Altura: 1,90 metros
- Largura: 1,93 metros
- Altura do solo: 22,2 cm
- Aceleração 0-100 km/h: 6,8 segundos
- Velocidade máxima: 180 km/h (limitada)
- Preço: R$ 333.000
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