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Ford negocia a compra da cearense Troller

Fechamento do negócio depende de o governo do Ceará autorizar o repasse de benefícios fiscais

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Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto tenta escapar de uma profunda crise nos Estados Unidos, com fechamento de fábricas e demissão em massa, no Brasil a Ford deve ampliar negócios com a aquisição da brasileira Troller, fabricante de jipes e picapes no Ceará. As duas montadoras negociam há cerca de seis meses e podem anunciar a compra nos próximos dias. O fechamento do negócio, segundo fontes ouvidas ontem pelo Estado, está na dependência de a Secretaria da Fazenda do Ceará autorizar o repasse para a Ford de benefícios fiscais concedidos à Troller, que iniciou operações no município de Horizonte em 1999. A matriz da Ford já teria dado seu aval, mas os valores não são revelados. A compra total das ações da montadora brasileira também não está definida, pois uma das opções é uma associação que mantenha o fundador da Troller, Mário Araripe, no comando da empresa. Tradicional empresário do ramo têxtil, ele criou a montadora com o intuito de atuar em nichos específicos, com veículos especiais, sem intenção de disputar mercado com as grandes montadoras. A direção da Troller não comentou o assunto. A direção da Ford, por sua vez, não confirmou, mas também não negou a informação. Um porta-voz disse apenas que a empresa realiza constantemente estudos e avaliações sobre oportunidades de negócios e de produtos. ?No entanto não vamos comentar sobre esse tema.? A Troller produz desde 1999 o jipe T4 e, em março, lançou a picape Pantanal. A capacidade produtiva é de cerca de 400 veículos ao mês, mas a empresa deve vender apenas 900 unidades este ano e, para 2007, previa 1.200 unidades. A Ford vendeu, até outubro, 177,5 mil veículos, dos quais 165,5 mil automóveis e comerciais leves. Para desenvolver o T4, a Troller buscou inspiração na marca Willys, coincidentemente adquirida pela Ford em 1968. ?Fizemos uma correlação do jipe dos anos 50 com um veículo do século 21, aproveitando o desenho clássico, mas introduzindo conforto, tecnologia e robustez?, disse, à época, Fernando Delgado, gerente de desenvolvimento de produtos da Troller. A Willys Overland do Brasil, fundada em 1952 inicialmente como importadora, passou a produzir jipes localmente dois anos depois. A fábrica funcionava em São Bernardo do Campo (SP), numa parte da área onde hoje está a Ford, que na época operava no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Aos poucos, a Ford foi substituindo os veículos Willys e marca acabou no País em 1984. Segundo fontes do mercado, Araripe buscava parceria para captar recursos, pois chegou a projetar vendas de 10 mil veículos para 2007. A Ford foi uma das interessadas no negócio. MAIS INCENTIVOS No Nordeste desde 2001, quando inaugurou a fábrica de Camaçari (BA), a Ford tinha planos de ampliar a unidade, uma das mais modernas do grupo no mundo, e que opera com capacidade plena de produção dos modelos Fiesta e EcoSport. A fábrica trabalha em dois turnos - após negociação com os funcionários - e tem capacidade de mais de 250 mil unidades/ano. Segundo fontes do setor automobilístico, a montadora teria buscado novos incentivos fiscais junto ao governo da Bahia para produzir um outro veículo, mas não teve sucesso. A compra da Troller, se vier com os incentivos, pode ser uma opção para novos produtos. Pelo que foi apurado, a Ford teria intenção de manter a marca Troller no mercado. Mesmo operando no limite na Bahia, onde produz os modelos de maior venda da marca no mercado interno, e que também são exportados, a Ford decidiu no ano passado investir R$ 300 milhões na unidade de São Bernardo para a produção de um carro compacto que deve chegar ao mercado em 2008. Sem o novo produto, a fábrica corria riscos de ser fechada. Nesta semana, o grupo anunciou uma troca no comando da filial brasileira, que a partir de 1º de dezembro será presidida pelo brasileiro Marcos de Oliveira, que hoje trabalha na Ford dos EUA mas já passou pelos comandos das operações na África do Sul e no México. Ele substituirá o americano Barry Engle, no cargo há apenas um ano e dois meses, e que foi convocado pela matriz para ajudar no plano de reestruturação que pretende salvar a companhia da grave crise atual.

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