Bem-vindos ao mundo do blockchain: desmistificando a espinha dorsal da Bitcoin

Nova tecnologia busca reforçar a confiança nos negócios

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Por Andrew Ross Sorkin
Atualização:

Uma nova empresa de blockchain está vendendo imóveis virtuais na internet com preços que chegam a 120 mil libras por um terreno virtual de 100 metros quadrados.

Pode-se comprar um terreno virtual numa cidade virtual, e determinados vizinhos são mais caros do que outros. Mas não estamos falando de uma cidade real. É tudo virtual.

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No ano passado, esta empresa, Decentraland, captou dos investidores 26 milhões de dólares em 30 segundos. Esse dinheiro é real.

Entendeu? Nem eu.

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Bem-vindos ao mundo do blockchain. Você já deve ter ouvido que o blockchain, a espinha dorsal da criptomoeda Bitcoin, é uma tecnologia que vai mudar o mundo. Talvez já tenha até ouvido alguém descrevê-la como “registro distribuído confiável".

Se você é como a maioria das pessoas, é a partir desse ponto que deixamos de entender (ou tentar entender) o blockchain. Mas as empresas da lista Fortune 500 estão investindo bilhões nela. Jamie Dimon, diretor executivo do JPMorgan Chase, fez pouco do Bitcoin, mas diz “o blockchain é real".

Tudo isso lembra a atmosfera de 1999, mais ou menos na época da bolha das empresas ponto.com. Mas, embora muitos fales nas criptomoedas e no blockchain como mais uma bolha, é provável que estejamos ainda nos primeiros dias de suas formação.

De maneira semelhante, 1999 marcou o que pareceu ser o auge da internet antes de uma queda vertiginosa, mas hoje sabemos que este foi apenas um estágio inicial na ascensão desta tecnologia. Aquilo que no final dos anos 1990 era considerado um gasto excessivo na infraestrutura e nas empresas experimentais da internet foi justamente o que criou os alicerces da era em que vivemos atualmente.

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Bem-vindos ao mundo do blockchain: desmistificando a espinha dorsal da Bitcoin Mirko Ilic/The New York Times) Foto: Mirko Ilic / NYT

A maneira mais fácil e básica de se pensar na tecnologia subjacente é imaginar uma tecnologia que conserve uma lista mestra de todas as pessoas que já interagiram com ela. Se você já usou o Google Docs e permitiu que outras pessoas compartilhem o documento para que possam fazer alterações nele, o programa mantém uma lista de todas as alterações que são feitas e seus autores.

O blockchain faz isso, mas de uma maneira ainda mais segura, de modo que cada pessoa que toca o documento é de confiança, e todos recebem uma cópia das alterações feitas.

O blockchain tem sido usado na criação de criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum. Mas, principalmente, está chegando a todas as indústrias. O setor da publicidade planeja usá-lo para rastrear os anúncios em toda a internet; a indústria da música espera usá-lo para rastrear canções; e os bancos e empresas hipotecárias querem usá-lo para rastrear as escrituras de imóveis.

Se for bem sucedida, a tecnologia do blockchain trará uma nova era de renovada confiança nas empresas, excluindo os intermediários que rastrearam a complexidade de tantos sistemas diferentes que tentam se comunicar entre si - e lucraram com isso. Tal avanço reduziria o preço de bens e serviços.

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Ainda assim, resta a dúvida quanto à possibilidade de o blockchain ser usado para resolver problemas que não existem. Os bancos de dados já existem, mas, em certos casos, um banco de dados centralizado pode ser preferível ao blockchain.

A ideia do blockchain é solucionar um dos maiores desafios da sociedade: a confiança. Ou melhor, a falta de confiança. Usar a tecnologia para criar uma sensação compartilhada de segurança entre um grupo de participantes díspares.

A maior pergunta é se as centenas de projetos como o Decentraland, nos quais indivíduos usam dinheiro real para comprar propriedades virtuais, acabarão bem ou mal - e se essa experiência vai reforçar ou enfraquecer a confiança nessa tecnologia emergente.

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