A internet móvel cresce mais que as linhas de banda larga fixa no Brasil. Quem afirma isso é a Cisco, que pesquisa de forma ampla a internet no País. Os dados divulgados nesta quinta-feira, 29, mostram que no segundo semestre de 2009 foram criados 1,3 milhão de novas conexões de banda larga. Desse total, 455 mil são de linhas fixas de banda larga. Todo o resto – quase dois terços – das novas conexões brasileiras são de internet móvel.
Mas um fato faz pensar se os números demonstram a realidade. O crescimento da internet móvel não teria sido tão grande apenas pelo fato da Telefônica ter ficado alguns meses sem poder vender o Speedy, seu serviço de banda larga? “Esses dados mostram de fato a realidade. Claro que a Telefônica não vender o Speedy influenciou. Mas pouco. As pessoas que procuram o 3G o fazem porque não tem opção: ou moram em lugares que a estrutura (cabos ópticos) para a banda larga fixa não chega ou precisam de internet sempre à mão (pessoa que viajam muito a trabalho). O público da banda larga fixa não é o mesmo da 3G. Pode vir a ser, mas ainda não é”, esclarece Anderson André, diretor de Service Providers da Cisco Brasil.
Meta superada O crescimento de 1,3 milhão de conexões de banda larga no segundo semestre de 2009 representa uma crescimento de 9,5% em relação á primeira metade do ano passado. Comparando com 2008, o crescimento é de 27%.
Além de levantar diversos dados, o Barômetro Cisco de tempos em tempos estipula metas.Em 2005, na primeira edição da pesquisa, a meta era de que em 2010 o Brasil teria 10 milhões de conexões de banda larga. Em 2008, a meta foi ampliada para 15 milhões. E, devido ao “barateamento dos computadores, dos planos de banda larga e do crescimento da internet móvel”, ela foi superada: em dezembro de 2009, o Brasil já possuía 15.006 milhões de conexões.
Universalização Perguntado se o Brasil já tem condições de nacionalizar a banda larga (bandeira muito levantada neste ano de eleições), André começa com um velho ditado: “Não existe almoço grátis. Nas capitais e cidades grandes, existe demanda e por isso as empresas querem lançar o serviço. Mas nas cidades pequenas, não compensa para as empresas. Talvez a solução seja uma parceria entre governo, provedor local e empresas da região que patrocinem e entrem no negócio. Ou por sinal de satélite, devido a dificuldade de levar cabos ópticos. Eu espero que o governo consiga levar essa infra-estrutura para os locais mais distantes, seja com a revitalização da Telebrás, seja com outro projeto”.
Quanto a uma nova meta, André diz que ainda não pode adiantar. Não será “nem conservadora, nem fora da realidade”. Mas ele apresenta um dado que indica que a expectativa é grande: “A internet tem penetração em 6% da população brasileira. Uma pesquisa do Banco Mundial mostra que, pelo nosso PIB per capita, isso deveria ser de no mínimo 12%. Ou seja, dá para crescer muito aí”.