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Conselheira do Pacto Global da ONU e lidera a operação de Corporate Venture Builder da Fisher Venture Builder. Escreve mensalmente às terças

Opinião | DeepSeek movimentou o tabuleiro da IA no mundo e espera próxima ‘jogada’ do mercado

Avanços tecnológico desafiam diversas esferas do universo de tecnologia, inclusive o mercado financeiro

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Foto do author Amanda Graciano
Atualização:

Janeiro de 2025 foi um mês intenso, repleto de mudanças rápidas no mercado e surpresas que exigiram atenção de investidores e analistas. Começamos o ano com o mercado financeiro oscilando entre euforia e pessimismo, à medida que novas tecnologias e decisões políticas se desenrolavam em um ritmo acelerado. Se os primeiros dias ainda traziam um resquício das festas de fim de ano e alguma esperança cautelosa, a última semana foi dominada por um tema que parece não dar descanso: a inteligência artificial (IA).

Dessa vez, o epicentro da discussão não foi uma big tech americana, mas sim um avanço vindo do outro lado do mundo. O lançamento do modelo R1 da DeepSeek, uma IA chinesa que se posiciona como uma alternativa competitiva aos modelos ocidentais, gerou uma onda de debates e oscilações nas bolsas. As ações da Nvidia sentiram o golpe rapidamente, caindo à medida que investidores reavaliavam o impacto de uma possível perda de domínio tecnológico. No entanto, se há algo que a história já nos ensinou, é que esses primeiros movimentos costumam ser exagerados. O mercado reage antes de compreender, como se estivesse sempre com um pé na ansiedade e outro na crença de que cada novidade é um ponto de virada irreversível.

IA chinesa movimentou o setor tecnológico na última semana  Foto: Luciano Luppa/Adobe Stock

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Enquanto todos olham para a IA e suas inovações, outras engrenagens econômicas giram de forma quase imperceptível. As novas regulações sobre chips avançados entre EUA e China continuam a se desenhar, e a Europa tenta encontrar seu lugar entre proteção e inovação. Algumas dessas decisões não chegam aos noticiários com a mesma força.

A postura do presidente americano adiciona uma camada de imprevisibilidade ao cenário. Com uma abordagem protecionista, reforçou as restrições comerciais contra a China, prometendo impulsionar a produção nacional de semicondutores e fortalecer a cadeia produtiva interna. No entanto, o mercado sabe que promessas políticas nem sempre se traduzem em resultados diretos e que as relações comerciais globais seguem em um delicado equilíbrio.

Os avanços da inteligência artificial estão remodelando setores inteiros e transformando nossa relação com tecnologia e trabalho. Mas quando a atenção está completamente voltada para um lado, o que acontece na outra ponta do tabuleiro? Quais movimentos estão passando despercebidos, enquanto os olhos do mundo estão fixados nos modelos de linguagem e nos gráficos de ações que sobem e descem?

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O desafio real talvez não seja prever o próximo grande salto tecnológico ou a próxima crise. Talvez seja simplesmente aprender a ler o mercado além dos primeiros impulsos, além dos números vermelhos e verdes que piscam nas telas. Porque a história nos mostra que os momentos mais impactantes quase nunca vêm com avisos claros – eles acontecem enquanto estamos distraídos com outra coisa.

Opinião por Amanda Graciano

Conselheira do Pacto Global da ONU e Managing Partner no Experience Club

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