"A Lei da Informática é um exemplo de idéia que só traz resultados negativos mas que acaba se impondo". O comentário é do cientista político Sérgio Abranches, que não vê benefícios nos incentivos fiscais propostos na lei que está para ser votada no Congresso. Abranches questiona a existência de qualquer benefício fiscal, mas acha que, se for inevitável acabar com os privilégios, seria um mal menor estender o benefício para todo o País. Na lei que prorroga os incentivos, estaria sendo costurado um acordo que mantém a exclusividade da capital amazonense. O principal fator de discórdia no Congresso é sobre a fabricação de celulares e monitores. Os defensores da Zona Franca de Manaus defendem a interpretação de que estes produtos também devem ser considerados bens de informática, com os incentivos sendo exclusivos da Zona Franca. Sérgio Abranches observa que, embora a força política de São Paulo seja teoricamente maior, o estado do Amazonas conta com uma articulação poderosa, que geralmente une as bancadas do Norte e Nordesde. Neste caso, a retórica do "estado rico versus estado pobre" acaba jogando pesadamente contra os paulistas. Com isto, segundo o cientista político, há o risco de se preservar um incentivo fiscal que vai contra qualquer sentido de racionalidade econômica. Para o analista, a Zona Franca é incompatível com a nova economia do país e mesmo os benefícios para o Amazonas são discutíveis. "O incentivo é inócuo nos benefícios e tem um custo fiscal crescente", comentou. A lei, em sua opinião, acaba beneficiando sobretudo as grandes empresas, a maioria multinacionais, que já possuem bases instaladas no Amazonas. "Há empresas que nem fabricam os produtos em Manaus, apenas colam o rótulo de ´fabricado na Zona Franca´", afirma Abranches.
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