RedNote: conheça o app chinês que vem brilhando com o iminente fim do TikTok nos EUA

Com a proibição, usuários americanos do TikTok estão migrando para outro app de vídeos de origem chinesa

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Por João Pedro Adania

Uma onda de usuários americanos invadiu o aplicativo chinês RedNote nas últimas semanas com a iminente proibição do TikTok no país. De funcionamento semelhante ao conterrâneo mais famoso, o serviço registrou alta de 200% nos Estados Unidos e se tornou o app mais baixado em janeiro na App Store americana.

O curioso é que o potencial substituto do TikTok também pertence à uma empresa chinesa, a Xingin Information Techology, com sede em Xangai. O nome do app é uma referência ao Livro Vermelho, escrito por Mao Tsé-Tung e originalmente chamado de Xiaohongshu e adaptado para o inglês como RedNote, significa Livrinho Vermelho

Lançado em 2013 como uma plataforma de compras, o app tem hoje mais de 300 milhões de usuários mensais. Foto: Jun LI/Adobe Stock

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A força dos influenciadores impulsionou o boom do RedNote, que no começo da semana reuniu cerca de 60 mil criadores para uma conversa a fim de definir o futuro da comunidade.

Lançado em 2013 como uma plataforma de compras, o app tem hoje mais de 300 milhões de usuários mensais no mundo. Boa parte desse publico, no entanto, é de jovens chinesas. O conteúdo predominante não difere do encontrado nos concorrentes: muito estilo de vida, viagem e moda e culinária. Mas esse app tem recursos que não existem no TikTok, como a possibilidade de montar álbuns de fotos e texto.

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Por enquanto, a rede só está disponível em chinês (tradicional e simplificado) e inglês e não há ferramenta de tradução. Mas a barreira do idioma não intimidou os mais de 30 mil brasileiros que se cadastraram lá no último mês. No Brasil, desde seu lançamento o app já alcançou 257 mil downloads.

Americanos que chegaram ao RedNote se identificam como “refugiados do TikTok”. Há bastante interação entre os usuários “originais” do app e os recém acolhidos. Um perfil ilustre chama a atenção de quem se muda para o RedNote: Maye Musk, mãe de Elon Musk, é dona de uma página com alguns milhares de seguidores

Por que os usuários escolheram o Red Note?

Essa plataforma foi anunciada como uma resposta da China ao Instagram – mesmo que alguns especialistas o comparem com o Yelp ou o Google por oferecer recomendações locais e conexões próximas, além do feed de vídeos.

Outro fator é o aparente êxodo que acontece no Facebook e Instagram após o CEO da Meta, Mark Zuckerberg anunciar o fim da moderação e checagem de conteúdo nas plataformas. Em paralelo a migração de usuários do X para o Bluesky também reflete uma insatisfação com a rede de Elon Musk.

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Na China, a empresa dona do Red Note é uma potência do comércio eletrônico e já se estuda o efeito da entrada de americanos no mercado publicitário e cultural do aplicativo.

Americanos que chegaram ao RedNote se identificam como “refugiados do TikTok”. Foto: Adek Berry/ADEK BERRY

Em junho de 2018, a Alibaba Group e a Tencent investiram US$ 300 milhões na Xiaohongshu, o que fez a empresa ser avaliada em US$ 3 bilhões. Mas foi nesse mesmo ano em que os problemas regulatórios fizeram a rede sair de lojas de aplicativos de vários países.

Em dezembro de 2022, o governo de Taiwan proibiu que funcionários públicos usassem o app em dispositivos oficiais devido a preocupações com a segurança de dados.

O que dizem os termos e condições do Red Note?

A tese básica de que aplicativos do gênero coletam dados também se aplica ao RedNote. De acordo com a sua política de privacidade, o usuário disponibiliza informações como localização e hábitos de navegação. Além disso, os termos e condições estão em mandarim.

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Assim como o TikTok, o RedNote está sujeito às leis de dados da China, que pode exigir acesso às informações de usuários. Portanto, o usuário mais preocupado com privacidade digital precisa instalar um VPN para navegar pelo app sem ser rastreado.

Por que o TikTok vai acabar nos EUA?

O TikTok planeja encerrar a operação nos Estados Unidos no dia 19 de janeiro, segundo a agência Reuters. Caso seja confirmada a decisão, o aplicativo de vídeo curtos encerra uma situação que teve início com um projeto de lei sancionado em abril, por Joe Biden, que determinava a venda do serviço para continuar operando em território americano.

A saída total do aplicativo nos EUA também representa uma decisão mais radical do que a proposta pelo governo americano. A legislação previa que novos downloads não podem ser realizados dentro das lojas de aplicativo da Apple e do Google, respectivamente Apple Store e Play Store. Assim, usuários antigos que já têm o app instalados nos celulares ainda conseguiriam usar a rede social até uma – provável – nova medida ser tomada.

A ByteDance, empresa chinesa dona do TikTok, tinha prazo inicial de 270 dias (9 meses) para vender a rede social para um administrador americano, o que não aconteceu.

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