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Robôs e drones tornam realidade o canteiro de obras do futuro

Nos EUA, crise com falta de mão de obra impulsiona onda de inovação, que promete tornar os canteiros de obras muito mais seguros

Por Pranshu Verma
Atualização:

THE WASHINGTON POST - Escavadeiras de valas autônomas. Drones que recriam digitalmente prédios. Dispositivos que lembram o robô-aspirador Roomba e que descrevem onde cada viga deve ficar no solo.

Nos EUA, o canteiro de obras do futuro já existe, com casas, prédios de escritórios e instalações industriais erguidos em todo o país com robôs capazes de assentar tijolos, instalar drywall e amarrar vergalhões. Essas máquinas estão entrando em ação em um momento no qual o setor de construção passa por uma grande mudança.

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Enquanto isso, startups oferecem ainda mais recursos para o segmento, incluindo robôs construtores que fazem levantamento topográfico e supervisionam obras, assim como maquinários pesados que podem operar por conta própria.

“Os robôs construtores são um ótimo exemplo de como a tecnologia da robótica vai afetar a vida das pessoas”, disse Matthew Johnson-Roberson, diretor do Instituto de Robótica da Universidade Carnegie Mellon.

Uma crise no setor impulsiona a onda de inovação. As despesas com obras estão crescendo, mas milhares de postos de trabalho continuam vagos. Aqueles atuando no setor estão envelhecendo e às vezes trabalhando em condições terríveis. Em meio a isso, verbas federais estão sendo destinadas à construção de uma infraestrutura melhor.

A confluência de fatores criou uma situação na qual mais construtoras estão recorrendo a robôs para automatizar o trabalho nos canteiros de obras. Mesmo assim, a enxurrada de atividades levou vários especialistas do mercado de trabalho a ficarem preocupados com a possibilidade de que isso provoque a perda de empregos ou uma situação na qual as pessoas trabalhando ao lado desses robôs precisem desempenhar tarefas de forma mais rápida e em ambientes de trabalho menos seguros.

Robô da Dusty Robotics ajuda com o layout na construção de casas Foto: Dusty Robotics/Divulgação

Uso comum

Os robôs não são novidade na indústria. A Amazon usa uma série deles em suas operações, desde o primo do Roomba, o Kiva, que leva pacotes de um canto a outro, ao Sparrow, que segura coisas com destreza semelhante à humana.

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Elon Musk, como muito se sabe, prometeu que automatizaria as fábricas da Tesla e recentemente apresentou o protótipo do robô humanoide Optimus, cujo objetivo é redefinir o trabalho físico. Há pouco tempo, o Google mostrou robôs movidos por inteligência artificial que ajudam humanos com tarefas do dia a dia. Alguns deles até mesmo aprendendo a como fazer batata frita.

Mas a dinâmica no setor de construção tem sido diferente, disse Johnson-Roberson.

Projetos de grande escala, como represas, pontes e estradas viram uma adoção mais rápida da tecnologia robótica, porque as tarefas costumam ser mais fixas e exigem menos destreza. Já as construções de imóveis têm feito isso de modo mais lento, pois muitas das atividades demandam coordenação motora fina, as quais os robôs têm mais dificuldade de realizar.

Entretanto, é pouco provável que os canteiros de obras vejam robôs humanoides martelando pregos em pedaços de madeira, disse Johnson-Roberson. Em vez disso, os avanços em tecnologias de telemetria com lasers, softwares de inteligência artificial, hardware robótico e sensores provavelmente entrarão em ação para automatizar tarefas maiores, como cavar, fazer levantamento topográfico, despejar concreto e levar coisas grandes de um canto a outro.

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“Isso não é inteligência artificial comum”, afirmou. “Não é como se pudéssemos fazer tudo ou os robôs conseguissem agir como um humano. Na verdade, eles são peças novas de equipamentos pesados que agora têm sensores melhores e podem fazer coisas que os humanos teriam que fazer” dando inúmeros passos complexos.

Perpsectiva

Nik Theodore, diretor do Centro para o Desenvolvimento Econômico Urbano da Universidade de Illinois em Chicago, disse que os robôs podem ser promissores se conseguirem automatizar tarefas rotineiras, muitas vezes causadoras de acidentes e mortes, atribuídas aos trabalhadores “num setor perigoso com grande número de óbitos”.

No entanto, para ele, a preocupação é “a tentação” pela automação acelerar o ritmo de trabalho e aumentar a exaustão dos profissionais, levando a uma situação na qual esgotamento e lesões ocorrem mais, e não menos. Isso poderia “fazer uma solução para deixar o canteiro de obras menos perigoso, na verdade, mais perigoso”. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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