Trump revoga lei que tentava mitigar riscos da inteligência artificial

Editada em 2023, ordem executiva exigia que desenvolvedores de sistemas de IA compartilhassem os resultados dos testes de segurança com o governo dos EUA

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Por João Pedro Adania

Poucas horas após a posse, Donald Trump revogou a ordem executiva que buscava limitar os riscos causados pela inteligência artificial (IA) para consumidores, trabalhadores e a segurança nacional. Assinada por Joe Biden em outubro de 2023, essa ordem exigia que desenvolvedores de sistemas de IA compartilhassem os resultados dos testes de segurança com o governo dos Estados Unidos, de acordo com a Lei de Produção para a Defesa, antes de serem lançados ao público.

Essa lei que amparava o decreto de Biden foi promulgada em 1950, durante a Guerra da Coreia, para dar ao chefe do executivo poderes de mobilizar recursos e garantir produção industrial necessária. No contexto da regulação da IA, ela se aplica porque a tecnologia foi reconhecida como componente crítico para a segurança, economia e competitividade global dos EUA.

Ainda no dia da posse, Trump desfez várias políticas assinadas por seu antecessor Foto: Melina Mara/The Washington Post

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Biden assinou o decreto no momento em que legisladores do país não conseguiam aprovar uma legislação definitiva para formar diretrizes para o desenvolvimento da IA. As regras exigiam que as empresas que informassem ao governo quando desenvolvessem modelos poderosos de IA que pudessem afetar a segurança nacional, a economia ou a saúde pública. Ela também determinava que as agências públicas deveriam desenvolver padrões e métricas para testar sistemas de IA, e também oferecia disposições de políticas de direitos humanos na criação de algoritmos.

Também estava previsto na ordem que as agências estabelecessem padrões para os testes e abordassem os riscos relacionados a produtos químicos, biológicos, radiológicos, nucleares e de cibersegurança.

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Na época, a ordem executiva foi considerada um avanço dadas as incertezas causadas pela nova tecnologia, mas as empresas que desenvolvem sistemas de IA consideravam as regras muito restritivas para o rápido avanço da tecnologia.

Os republicanos planejavam revogar essa ordem desde a vitória de Trump, com o argumento de que as regras impedem a inovação em IA. O partido afirmou também que “apoia o desenvolvimento de IA enraizado na liberdade de expressão e no desenvolvimento humano”.

A IA generativa pode criar textos, fotos e vídeos em respostas a comandos aberto, e ao mesmo tempo gerou tanto entusiasmo quanto medo. A preocupação mais comum é que a capacidade de resposta dessa tecnologia torne alguns empregos obsoletos.

Na semana passada, o Departamento de Comércio dos EUA emitiu novas restrições à exportação de chips e tecnologias de IA, o que pode afetar o desenvolvimento de IA em diversos países, incluindo o Brasil. As medidas foram criticadas por parte da indústria, inclusive pela Nvidia. No mesmo pacote, Biden também emitiu uma ordem que prevê o apoio federal no fornecimento de energia aos centros de dados avançados de IA em rápido crescimento. Essa medida implica no arrendamento de terrenos federais que pertencem aos departamentos de Defesa e Energia. Nenhum desses dois regramentos foram revogados nesta segunda.

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Já no dia da posse, Trump desfez várias políticas assinadas por seu antecessor. Incluídas no revogaço estão os decretos que retiravam Cuba como um Estado patrocinador do terrorismo, a aplicação de sanções a colonos judeus na Cisjordânia e a força-tarefa criada para reunir famílias separadas na fronteira durante seu primeiro mandato. O governo não explicou cada uma dessas revogações de forma individual.

Força-tarefa criada para reunir famílias separadas na fronteira durante primeiro de Trump foi revogada.  Foto: Gregory Bull/AP
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