Daniel Dantas, dono do banco de investimentos Opportunity, defendeu hoje a união das empresas para melhorar a rentabilidade do setor de telecomunicações, "reduzindo custos e aumentando os rendimentos". Na época da privatização das teles, o Opportunity - um dos protagonistas do processo de fusões - adquiriu a Brasil Telecom (BrT), operadora de telefonia fixa em dez Estados brasileiros, e as operadoras de celular Telemig Celular e Amazônica Celular, por conta da divisão, feita pelo governo para aumentar a receita do leilão, da Telebrás em 12 empresas. ?Não tenho nada para reclamar do modelo, porque se a Telebrás tivesse sido vendida inteira eu nem estaria presente. Só pude participar porque o modelo foi distorcido". Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Dantas disse que se for interesse do país ter uma empresa nacional seria preferencial reunir as já existentes no Brasil em apenas duas grandes companhias de telecomunicações, a Telefônica/Portugal Telecom e um grupo que reunisse a Telemar e a BrT, ambas com atuação nacional e oferecendo serviços fixos e móveis. Dantas atribuiu essa idéia ao movimento da economia mundial. Para ele, o setor está retornando ao modelo de poucos competidores e maior regulação do governo, preservando assim "disponibilidade e qualidade de serviços". "A empresa nacional só vai existir se for um objetivo do governo. Do contrário, vamos acabar nos juntando com alguma coisa maior lá de fora, por conta da escala. Tradicionalmente, o Brasil gostou de ter iniciativa nacional. Essa tradição foi interrompida no governo Fernando Henrique, que ficou pró-estrangeiro sem saber porque entramos no processo de privatização com câmbio sobrevalorizado e juros na lua, e o empresário nacional não pôde participar. O cenário empresarial mudou completamente nos últimos oito anos. Se fizermos um jantar para os dez maiores empresários do Brasil, só vai estrangeiro?, criticou. A tendência do Brasil, segundo ele, é seguir os passos da Europa, como um ?duopólio regulado?. Para este modelo se consolidar, será preciso haver uma conscientização, segundo ele, de que "maior escala representa mais segurança". O mercado pode ser competitivo tendo apenas duas empresas, e isso não vai deixar de garantir à população o acesso à telefonia, garante Dantas. "As pessoas confundem o fato de ter tido muita concorrência com o sucesso da privatização. Na Itália só há duas companhias e todo mundo tem telefone. Há um nível ótimo de concorrência no setor. Na medida em que se vai subdividindo, ficam pequenas operações que não conseguem prestar serviços com abrangência?, defendeu. Dantas acredita num sistema regulado, acirrado, mas sem que isso faça com que as tarifas aumentem e a qualidade diminua. ?No serviço de telefonia normal a segurança e a disponibilidade são mais importantes do que o preço. E é por isso que acho que a importância da qualidade é tão grande que esse setor não vai caminhar para ser um setor de mercado normal. Seu telefone tem que falar com o do outro, tem que ter serviço de longa distância. Vai acabar prevalecendo um bom senso entre ter concorrência suficiente para que corram atrás do cliente, mas não uma subdivisão ao ponto de encarecer ou tornar o sistema menos seguro?.