As empresas que operam no Brasil e movimentam grandes volumes de dados em redes de informação decidiram reforçar os sistemas de segurança digital, nos últimos três meses, depois do escândalo da Enron, nos Estados Unidos. A informação é do especialista em segurança digital Leonardo Scudere, recém-nomeado diretor para o Brasil da Divisão de Information Security Group (ISG) da Kroll, uma das maiores empresa mundiais de consultoria em gerenciamento de riscos. Na avaliação de Scudere, o caso Enron colocou em evidência a necessidade da criação de sistemas seguros de registro, controle e auditoria de dados das operações financeiras nas grandes empresas. A preocupação aumentou após os atentados de 11 de setembro em Nova York. De lá para cá, a expansão do serviço de segurança digital revelou a fragilidade dos sistemas brasileiros. "O Brasil já tem a segunda maior comunidade mundial de hackers, atrás apenas dos Estados Unidos", afirma Leonardo Scudere. O País tem razões de sobra para se preocupar com a segurança digital. Uma das categorias mais acessadas na Internet brasileira é a de operações bancárias. Em janeiro deste ano, 39,45% dos usuários domésticos ativos da web acessaram os serviços financeiros. No mesmo período, nos Estados Unidos, o índice foi de 23,18%. "Some-se a isso o fato de que o mercado brasileiro de Internet é um dos que mais crescem atualmente", afirmou Scudere. Ele lembra que, logo depois do 11 de setembro, que mostrou a fragilidade da segurança digital de centenas de grandes empresas, o caso Enron provocou uma crise de credibilidade nos sistemas de armazenamento de dados e nos mecanismos de consultoria e auditoria das empresas. "Na verdade, os acontecimentos mostraram uma vulnerabilidade que já existia, mas para a qual não se dava a importância que se dá agora", afirmou. Na avaliação dele, enquanto os atentados levaram as empresas a reforçar a segurança contra ocorrências externas inesperadas, o caso Enron colocou em evidência a necessidade da criação de sistemas seguros de registro, controle e auditoria de dados das operações financeiras nas grandes empresas. Os quatro segmentos que mais aceleraram os investimentos em segurança digital nos últimos meses foram os bancos, as empresas governamentais e os governos, as empresas de telecomunicações, que recebem grandes ataques de hackers em busca dos cadastros; e as empresas de tecnologia avançada, vítimas de ataques em busca de segredos industriais. Scudere afirma que ainda não existem dados contabilizados sobre os investimentos recentes em segurança digital no Brasil. Mas a expectativa de faturamento da Divisão de Information Security Group da Kroll dá uma dimensão dos números. A divisão espera faturar US$ 3 milhões este ano e atingir US$ 15 milhões em 2004.