Amazon é processada nos EUA por não cumprir pausas para almoço e descanso de funcionários

A empresa está na mira de funcionários que querem se sindicalizar e enfrenta polêmicas sobre direitos trabalhistas em suas unidades

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Por Redação Link
Atualização:
Mesmo sem usar os momentos de descanso, os valores são descontados do salário pela Amazon Foto: Brenda McDermid/Reuters

A polêmica que recai sobre a Amazon de não garantir direitos essenciais para seus empregados ganhou um novo capítulo neste domingo, 28. Uma ex-funcionária da área de logística dos depósitos abriu um processo contra a empresa nos Estados Unidos, acusando a companhia de não liberar os 30 minutos de almoço e as pausas durante o dia e ainda assim descontar os períodos do pagamento de seus empregados. 

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De acordo com o regime contratual dos funcionários da Amazon, os empregados que trabalham nos armazéns de depósito têm direito a um intervalo de 30 minutos para refeições a cada cinco horas trabalhadas e uma pausa de 10 minutos a cada quatro horas de serviço. Mas Lovenia Scott, especialista em logística que trabalhou em uma unidade da Amazon no Estado da Califórnia afirmou que não é o que acontece na empresa. 

Segundo ela, o volume de trabalho dos empregados ultrapassa a possibilidade de terminá-lo a tempo no expediente e que a empresa não encoraja os funcionários a tirar pausas para comer ou para descansar. Lovenia afirmou, ainda, no processo, que as escalas que são feitas para os intervalos geralmente incluem uma grande quantidade de funcionários no mesmo horário. Assim, para bater o ponto — e registrar a saída e a volta — é preciso gastar de 10 a 15 minutos na fila do computador. Ultrapassar o limite de 30 minutos de pausa não é tolerado. 

Quanto às pausas de 10 minutos, a ex-funcionária afirmou que a filosofia da empresa era que os empregados fizessem o intervalo "quando puderem", mas que as escalas para isso são falhas. Mesmo sem usar os momentos de descanso, os valores são descontados do salário. A Amazon não se pronunciou sobre o assunto.

A Amazon está enfrentando neste mês a maior votação sindical de sua história, a primeira desde 2014: milhares de trabalhadores no depósito da empresa na cidade de Bessemer, no Alabama, estão decidindo se vão se sindicalizar ou não — a votação já foi concluída, mas o resultado só deve ser revelado nos próximos dias. Se os funcionários da Bessemer forem bem-sucedidos na sindicalização, isso pode encorajar outros funcionários a fazerem o mesmo e, assim, forçar a empresa a mudar suas condutas trabalhistas. 

Briga nas redes

Os casos de irregularidades trabalhistas têm sido frequentes na companhia. Há algumas semanas, a Amazon veio a público para negar que não oferecia pausas para seus funcionários, depois que publicações nas redes sociais alegavam que empregados dos depósitos urinavam em garrafas para "economizar" tempo no trabalho. 

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A conta oficial de notícias da Amazon no Twitter também se envolveu em uma briga política com senadores pelo assunto. Com respostas a Bernie Sanders e Elizabeth Warren, do Partido Democrata, Dave Clark, diretor de consumo da Amazon, trocou críticas e farpas sobre a posição da empresa em relação a seus trabalhadores e sobre o trabalho dos senadores. 

Na sexta-feira, 26, dia em que Sanders se encontrou com os trabalhadores da Amazon no Alabama, a conta Amazon News tuitou que o salário mínimo de Vermont, Estado natal de Sanders, era de US$ 11,75. “Sanders prefere falar no Alabama do que atuar em Vermont”, disse a empresa.

Na reunião, Sanders exortou os trabalhadores da Amazon a votarem no sindicato: “Quando você se levanta e luta, você está enfrentando aqui não apenas uma das corporações mais poderosas deste país, você está enfrentando os indivíduos mais ricos do mundo.”

A empresa também foi atrás de Elizabeth Warren, que prometeu no Twitter que lutará pela quebra sindical da Amazon e pelo desmembramento das gigantes de tecnologia, para que a empresa "não seja poderosa o suficiente para incomodar senadores com tuítes arrogantes". /COM REUTERS