Elon Musk decide pela compra do Twitter para evitar julgamento

Bilionário protocolou documento que reafirma a intenção de compra pelo valor inicial US$ 54,20 por ação

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Por Redação
Atualização:

Elon Musk deve concluir a compra do Twitter pela oferta de US$ 44 bilhões. Nesta terça, o bilionário protocolou junto à comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) documento reafirmando sua proposta para a compra do Twitter. No documento, Musk propõe a pagar US$ 54,20 por ação do Twitter.

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Com o acordo fechado, Musk deve escapar do julgamento marcado para o dia 17 de outubro, no qual especialistas avaliavam que tinha poucas chances de vitória. As ações do Twitter fecharam o dia em alta de 22,24% com a divulgação da informação.

A negociação entre Musk e Twitter foi suspensa depois que o bilionário desistiu da compra da plataforma, alegando inconsistência nos dados divulgados pela companhia a respeito de contas de spam na plataforma. Segundo o Twitter, apenas 5% das contas ativas monetizáveis da rede social poderiam ser consideradas bots. O empresário alega que esse percentual era de 20%.

Agora, o acordo deve livrar Musk de um julgamento que tinha potencial para arranhar sua imagem como empresário de tecnologia. Na última semana, mensagens trocadas entre Musk e diversos figurões de empresas, incluindo o ex-presidente da plataforma, Jack Dorsey, mostraram que o dono da Tesla oferecia ajuda para transformar a rede social em “uma nova plataforma” e que a empresa deveria voltar a ter capital fechado — essa foi uma das principais promessas de Musk para o futuro da companhia.

“Este é um claro sinal de que Musk reconhece que a chance de ganhar o processo contra o Twitter na Corte de Delaware é pouco provável e que o acordo de US$ 44 bilhões deve acontecer de uma forma ou de outra”, explica Dan Ives, analista da empresa americana Wedbush. “Ser forçado a fechar o negócio depois de uma longa e feia batalha na Corte não é um cenário ideal e aceitar o acordo e seguir em frente com o negócio deve evitar uma dor de cabeça maior”.

Para Guilherme Zanin, analista da corretora Avenue, o movimento deve segurar investidores por mais um tempo até o fechamento do negócio. “Quem tem ações deve manter, vai ter volatilidade e risco. É um evento imprevisível”, afirmou o especialista ao Estadão.

Processo

O processo, movido pelo Twitter, visa forçar Musk a concluir a compra da rede social. A oferta feita por Musk pela plataforma, em abril deste ano, é de US$ 44 bilhões, ou US$ 54,20 por ação — um dos pedidos do Twitter nos documentos é que o valor seja mantido.

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Do outro lado, Musk tenta se livrar do acordo de compra e da multa rescisória de US$ 1 bilhão, que o contrato estipula que ele pague em caso de desistência do negócio. O argumento do bilionário para não receber a multa é que o Twitter não foi transparente ao informar sobre o número de contas inautênticas presentes na plataforma.

O principal ponto de disputa entre as partes é a prevalência de contas falsas na plataforma. Enquanto a rede social afirmou que possui, no máximo, 5% de contas consideradas “spam”, especialistas dizem que o número de perfis do tipo podem chegar a 20% dos 229 milhões de usuários ativos mensais.

A equipe de Musk pediu para que o Twitter fornecesse dados para sua própria investigação sobre o assunto, e alegou que a plataforma não ofereceu informações suficientes para concluir uma pesquisa independente. Ao final, o time responsável pela verificação afirmou que não era possível comprovar o número de contas inautênticas com base nos dados divulgados pela rede social.

Musk oficializou a desistência da compra do Twitter em 8 de julho, após enviar uma carta para a empresa, assinada por seus advogados, explicando que a quebra de contrato não possibilitou que o negócio fosse adiante. Em 12 de julho, o Twitter entrou com uma ação na Corte de Delaware para processos o empresário pelo abandono da compra.

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