O iOS 19, próxima versão do sistema operacional do iPhone, deve trazer a maior reformulação visual desde o iOS 7, lançado em 2013, de acordo com Mark Gurman, repórter da tecnologia da Bloomberg, conhecido por sua cobertura especializada em novidades da Apple. A atualização, esperada para o final do ano, pretende unificar a identidade dos sistemas da Apple, alinhando a experiência do iPhone, iPad e Mac a um único padrão de design.
A mudança faz parte de um esforço mais amplo da empresa para modernizar sua interface, inspirando-se no VisionOS, software usado nos óculos de realidade mista Vision Pro. A proposta é tornar os ícones, menus e janelas mais consistentes entre os dispositivos, embora cada plataforma continue com um sistema operacional próprio.

A expectativa é que a reformulação vá além da estética e traga melhorias na usabilidade. A Apple quer simplificar a navegação e o controle dos dispositivos, criando uma experiência mais intuitiva para os usuários. No entanto, algumas mudanças planejadas para a Siri e outras funções de inteligência artificial (IA) podem ser adiadas, como já ocorreu com o iOS 18, anunciado em setembro do ano passado.
A empresa planeja adotar uma estratégia de lançamento gradual, semelhante ao modelo aplicado ao iOS 18. Novos recursos serão adicionados ao longo de diferentes atualizações, em vez de serem liberados de uma só vez. Essa abordagem é utilizada para garantir maior estabilidade ao sistema e evitar problemas técnicos logo no lançamento.
Apesar da unificação do design, a Apple não pretende fundir seus sistemas operacionais. A estratégia contrasta com a de concorrentes que já adotaram plataformas únicas para múltiplos dispositivos. A estratégia da empresa é manter o iOS, iPadOS e macOS separados, incentivando os consumidores a adquirir diferentes produtos da marca.
O VisionOS, base de inspiração para a nova interface, introduziu conceitos como ícones circulares, janelas simplificadas e maior uso de efeitos visuais tridimensionais. Embora algumas dessas ideias sejam incorporadas ao iOS 19 e macOS 16, nem todas são adaptáveis ao formato tradicional das telas sensíveis ao toque.
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Mesmo a Apple sendo conhecida por suas interfaces intuitivas, mudanças drásticas no design costumam gerar reações mistas do público. No ano passado, a simples reformulação do aplicativo Fotos foi alvo de críticas de usuários. Com a atualização do iOS 19 afetando todo o sistema, a empresa enfrenta o desafio de equilibrar inovação com a familiaridade que seus clientes esperam.
A reformulação do iOS 19 é uma das principais apostas para aparecer na Worldwide Developers Conference (WWDC) de junho, evento anual da Apple voltado para desenvolvedores. As novidades devem dividir espaço com os planos da empresa para IA, área em que a Apple tem enfrentado dificuldades para acompanhar concorrentes como Google e Microsoft. A chegada aos consumidores deve ficar para setembro, na época do lançamento do iPhone 17.
Atrasos
A empresa chegou a anunciar no WWDC 2024 a Apple Intelligence, seu sistema com IA integrado à seus aparelhos, e planejava relançar sua assistente Siri, agora com essa nova tecnologia. No entanto, problemas envolvendo o desenvolvimento do produto deixaram a Apple para trás na corrida da IA. A nova Siri prometia interações mais naturais e um melhor entendimento do contexto do usuário. No entanto, os desafios técnicos levaram a empresa a postergar seu lançamento para 2026, ampliando a distância em relação aos rivais.
O impacto do adiamento vai além da Siri. A Apple também teve que postergar o lançamento de seu novo hub doméstico inteligente, um dispositivo que integraria controle por voz e tela sensível ao toque para gerenciar automação residencial. O produto, que supostamente já está em fase de testes internos, dependeria das melhorias na assistente digital para oferecer uma experiência eficiente. Com o atraso, a Apple perde a oportunidade de competir mais diretamente com dispositivos do Google e da Amazon, que já dominam o mercado de assistentes para casa inteligente.
Além das dificuldades técnicas, a Apple também lida com a insatisfação de usuários que relatam respostas imprecisas e limitações no uso da Siri para tarefas cotidianas. A falta de integração fluida com apps de terceiros e a dificuldade em compreender comandos complexos fazem com que muitos consumidores busquem alternativas, como o ChatGPT, para interações mais avançadas. O próprio CEO da OpenAI, Sam Altman, já mencionou que assistentes de IA modernos podem substituir completamente os assistentes tradicionais, o que representa uma ameaça direta à relevância da Siri no longo prazo.