O Japão aumentou sua lista de itens sujeitos a controle de exportação e incluiu chips avançados, equipamentos de litografia e Cryocoolers essenciais para a fabricação de computadores quânticos, de acordo com revisões preliminares da lei de câmbio estrangeiro. Cryocoolers são aparelhos de refrigeração criogênica feitos para resfriar equipamentos a temperaturas muito baixas, geralmente abaixo de -150°C. As restrições devem entrar em vigor no final de maio.
Na prática, essa medida obriga que as empresas japonesas tirem licenças para exportar esses produtos. O Ministério da Economia do país defende a medida que diz evitar o uso de materiais japoneses em armas ou, em caso de desvio, aumentar o poder computacional de munição guiada com precisão, enquanto computadores quânticos poderiam quebrar criptografia.

A medida acontece em meio aos esforços dos Estados Unidos para aumentar suas restrições à venda de chips usados no desenvolvimento de inteligência artificial (IA). A competição por uma inteligência artificial geral (AGI) entre EUA e China ganhou novo fôlego na semana passada, quando a DeepSeek anunciou um modelo de IA mais barato e mais eficiente se comparados aos concorrentes americanos. Ao mesmo tempo, o governo Donald Trump vai impulsionar a indústria da tecnologia com um investimento de US$ 500 bilhões para a construção de um complexo de IA, com a OpenAI, Softbank e Oracle de parceiros, chamado Stargate
Tóquio, por sua vez, também reforça seu controle de exportações ao adotar medidas protecionistas. O ministério incluiu 42 novas entidades internacionais na lista de empresas e organizações estrangeiras que estarão sujeitas à supervisão de exportação em relação a itens de uso dual. Ao todo, cerca de 110 companhias da China, instituições de pesquisa e outras entidades estão na lista.
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A China respondeu aos novos controles e afirmou que eles podem afetar a segurança e a estabilidade das cadeias de suprimentos e as trocas comerciais normais entre empresas dos dois países. Pequim espera que o Japão garanta que as medidas não prejudiquem o desenvolvimento econômico e comercial, segundo o comunicado do Ministério do Comércio da China.
Os últimos meses ressaltaram uma ofensiva diplomática chinesa com aliados e parceiros dos EUA. Analistas de política externa associam essa mudança ao desejo de estabilidade da China, ao considerar a mudança política nos EUA.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, fez um convite informal ao primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, para a cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno da Ásia, que acontece em Harbin, no nordeste chinês, no começo de fevereiro, de acordo com informações da imprensa japonesa.
No entanto, fontes diplomáticas citadas na reportagem minimizaram a possibilidade do encontro e disseram que o governo japonês tenta organizar um encontro entre Ishiba e Donald Trump na mesma data.
Takeshi Iwaya, ministro das Relações Exteriores do Japão, encontrou Wang e o premiê Li Qiang em Pequim no final de 2024. Os dois lados concordaram em promover medidas a fim de estimular o turismo entre China e Japão. O governo japonês também afirmou que os dois países reafirmaram a importância de aprofundar a comunicação sobre segurança.
Nos últimos anos, empresas japonesas se beneficiaram muito da crescente demanda chinesa por máquinas para fabricação de semicondutores. As vendas atingiram recorde no ano passado e ainda não está claro qual o efeito do controle mais rígido. Mas a pressão para esse tipo de ação já era feita pelo ex-presidente dos EUA, Joe Biden, que além do Japão gostaria de ver os Países Baixos dificultar a venda de tecnologia para empresas chinesas.