OpenAI não está à venda, diz Sam Altman após Musk oferecer US$ 94 bi pela empresa

Durante o AI Action Summit em Paris, CEO da OpenAI respondeu à proposta de Musk, que depois o chamou de ‘trapaceiro’

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Por João Pedro Adania
Atualização:

A OpenAI não está à venda – e em especial para Elon Musk, disse o CEO Sam Altman nesta terça-feira, 11, ao site especializado Axios nos bastidores do AI Action Summit em Paris. As declarações de Altman vêm um dia após um grupo liderado por seu rival fazer uma proposta surpresa de US$ 97,4 bilhões pelos ativos da OpenAI.

Sam Altman, CEO da OpenAI, participou da AI Action Summit em Paris. ele respondeu que a empresa desenvolvedora de modelos baseados em IA não está à venda para Elon Musk Foto: Aurelien Morissard/AP

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Mesmo que a oferta seja recusada pela dona do ChatGPT, por si só ela já tem potencial de complicar a vida de Altman. Há meses o executivo trabalha na transição da OpenAI de uma organização sem fins lucrativos para uma companhia lucrativa. Essa, inclusive, é causa da briga entre Musk e Altman.

O plano de reestruturação que Altman está à frente só vai se concretizar se os investidores de primeira ordem da empresa forem compensados. Hoje, a Microsoft é a maior parceira comercial da OpenAI e deve abocanhar uma alta quantia de ações após a transição da empresa. Também entram na conta outras investidoras além da companhia de Satya Nadella.

A proposta de US$ 94,7 bilhões de Musk é apoiada por um consórcio de investidores e pode forçar o conselho da empresa de inteligência artificial (IA) a reavaliar os benefícios do plano do seu atual CEO. Ou seja: o board da OpenAI calcula o quanto ganhará caso se alinhe com um ou com outro.

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Esse processo envolve duas jurisdições. A OpenAI precisa que os procuradores-gerais da Califórnia, onde está sediada, e de Delaware, onde está registrada legalmente, aprovem sua conversão. São as autoridades desses dois estados que regulam organizações sem fins lucrativos e supervisionam a avaliação de seus ativos durante a venda a fim de garantir devida compensação aos seus investidores.

Na segunda-feira, 10, Altman rejeitou a investida de Musk em uma mensagem interna para funcionários. “Nossa estrutura garante que nenhum indivíduo possa assumir o controle da OpenAI”, disse. “Essas são táticas para tentar nos enfraquecer porque estamos fazendo grandes avanços”. O conselho, no entanto, pode não conseguir simplesmente ignorar a oferta.

Foi durante o AI Action Summit em Paris que Altman respondeu sobre a investida de Musk. O evento reúne chefes de Estado e de governo, líderes de organizações internacionais, executivos de big techs, acadêmicos e representantes de ONGs, para discutir fundamentos científicos, soluções e padrões para uma inteligência artificial dita sustentável.

“Já houve várias tentativas do Elon, de alguma forma, tentar assumir o controle da OpenAI por muito tempo, então, é como se este fosse mais um episódio da semana”, disse Altman.

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A briga entre Elon Musk e Sam Altman começou quando o dono do X alegou que a OpenAI traiu sua missão de desenvolver modelos de IA de código berto e ser uma organização sem fins lucrativos Foto: John Macdougall/AP

“A OpenAI não está à venda. A missão da OpenAI não está à venda”, disse. “Sem falar no fato de que um concorrente não consegue nos superar no mercado e, vez disso, tenta dizer ‘vou comprar isso’ sem qualquer consideração pela missão, é um caminho improvável”.

Reestruturação da OpenAI foi confirmada em dezembro

Em dezembro, a OpenAI confirmou o plano de reestruturar suas operações, o que separaria sua divisão comercial – a que mais cresce hoje – do conselho sem fins lucrativos que atualmente a supervisiona.

Altman disse que o conselho ainda não determinou uma avaliação para as operações da empresa e que o processo está em andamento: “Há muita informação errada sobre o que o conselho está planejando fazer. Acho que a narrativa da imprensa não é precisa em muitos aspectos”.

Nos bastidores

A oferta de Musk pode ser uma estratégia de provocar tanto Altman quanto OpenAI, que já esteve sob o guarda-chuva de investimentos do bilionário dono do X.

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A principal queixa de Musk é que a empresa traiu sua missão original, na qual ele apoiou como cofundador, de desenvolver IA de código aberto. Mas isso não se concretizou: hoje todos os modelos da OpenAI têm código fechado.

Altman, o provocador

O CEO da OpenAI recebeu a notícia de que Musk enviou uma proposta pela companhia durante um jantar com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D Vance – e usou o X para respondê-la: “Não, obrigado, mas podemos comprar o Twitter por US$ 9,74 bilhões, se quiser”.

“Trapaceiro”, retrucou Musk.

A intriga entre os dois foi intensificada logo no começo do segundo mandato de Donald Trump. Uma das primeiras medidas do republicano foi anunciar o projeto Stargate, um investimento de US$ 500 bilhões para construir uma infraestrutura de inteligência artificial com apoio da OpenAI, Oracle e Softbank.

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Musk criticou imediatamente a empreitada. Ele alegou que os envolvidos não tinham dinheiro o suficiente.