Aliança entre Apple e Alibaba impulsionam ações da gigante chinesa

Apple deve usar recursos da Alibaba para lançar o Apple Intelligence na China, o que é considerado essencial para a sucesso dos novos dispositivos da marca no país

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Por João Pedro Adania
Atualização:

As ações do Alibaba Group, dona do AliExpress e do braço tecnológico da empresa Alibaba Cloud, subiram até 8,6% depois que as notícias sobre o possível fornecimento de base para a inteligência artificial (IA) da Apple na China foram divulgadas.

Os papeis da gigante chinesa registraram sua maior alta desde setembro, quando, ao citar uma fonte interna, o site especializado The Information disse que Apple e Alibaba submeteram recursos de IA para aprovação do regulador da rede de internet chinês. A Baidu, por vezes considerada o equivalente ao Google no país, caiu quase 3% na bolsa de Hong Kong.

Ações do Alibaba Group Holding Ltd, dona do AliExpress e do braço tecnológico da empresa Alibaba Cloud, subiram até 8,6% após as notícias sobre o possível fornecimento de base para a IA da Apple na China foram divulgadas Foto: Thibault Camus/AP

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Conquistar um espaço no iPhone para sua IA, por si só, já representaria avanço importante para o Alibaba, cujos modelos recentes tiveram bom desempenho em testes globais de referência. A principal tecnologia da gigante é o Qwen, uma família de modelos de código aberto focado em programação.

Em janeiro, o Alibaba lançou uma atualização que, segundo a empresa, tornava o Qwen capaz de superar a DeepSeek e outros concorrentes do setor, como o Llama, da Meta. O upgrade se chama Qwen 2.5 Max e “alcança desempenho competitivo em relação aos modelos de primeira linha” afirmou a companhia.

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Esse ano começou particularmente bom para a empresa com sede em Hangzhou, no sul da China. Suas ações já subiram mais de 30% em 2025 impulsionadas pelo otimismo de que a companhia – mesmo em um cenário de queda no consumo chinês – progride no desenvolvimento de serviços e plataformas de IA para o maior mercado de internet do mundo. Representantes do Alibaba e da Baidu não comentaram o assunto.

Do lado da Apple, a parceria é uma jogada estratégica para reviver suas vendas na China. Isso porque a principal novidade da fabricante do iPhone para seus dispositivos, a Apple Intelligence, ainda não estreou na China. Tim Cook, CEO da Apple, citou essa ausência como um dos fatores que levaram a uma recente queda de 11% nas vendas dos smartphones da empresa na China. A tendência, caso a Apple não recupere esse consumidor, é que a brecha seja preenchida por marcas locais, como a Huawei.

“O Alibaba é a maior empresa de e-commerce da China e, portanto, deve ter um verdadeiro tesouro de dados que a Apple pode aproveitar para oferecer recursos personalizados de IA generativa ao consumidor chinês”, escreveu Erik Woodring, analista do Morgan Stanley. “Também é possível que a Apple comece uma parceria inicial de IA com o Alibaba e, com o tempo, expanda isso para outras empresas chinesas de nuvem”.

A falta do Apple Intelligence nos dispositivos da marca vendidos na China fez o novo iPhone vender menos do que o esperado no país Foto: Victor J. Blue / Bloomberg

A gigante americana ainda não anunciou um parceiro de longo prazo para seus dispositivos na China. Enquanto isso se arrasta, um acordo feito entre a Apple e a OpenAI colocou o ChatGPT nos novos iPhones.

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Por enquanto, o Apple Intelligence não funciona em dispositivos comprados na China, onde o acesso à OpenAI é restrito. Os reguladores chineses exigem que as empresas obtenham aprovação antes de lançar serviços de IA generativa no país, e até agora nenhum grande serviço dos Estados Unidos conseguiu aprovação de Pequim.

É importante para a gigante americana acertar o lançamento de sua ferramenta de IA antes da estreia do novo iPhone SE, o modelo “barato” que historicamente impulsiona as vendas tanto na China quando na Índia, dois mercados considerados essenciais para as meras da empresa.

O lançamento do novo dispositivo da Apple deve acontecer em fevereiro, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. A ideia é que a empresa seja discreta e não faça um megaevento para anunciar o dispositivo.

Já foi provado que parcerias que envolvem a Apple costumam ser vantajosas para todos os lados. O mesmo aconteceu quando um novo Apple Watch foi anunciado. Com dois recursos inéditos, os relógios da marca vão enviar mensagens por satélite e detecção de hipertensão. Essa notícia fez as ações da GlobalStar, provedora de satélites, subirem 15%.

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Parcerias feitas com a Apple costumam dar certo para todos os lados envolvidos  Foto: Apple/Reprodução

Também na planilha da Apple está um novo iPad gigante que dobra, segundo Mark Gurman, da Bloomberg. Em suma, a empresa de Tim Cook estaria planejando um tablet que, quando aberto, fica do tamanho de dois iPads Pro lado a lado. Ou seja: 26 polegadas de tela em um painel dobrável.

O desenvolvimento de um aparelho dobrável está na mira da gigante sediada em Cupertino, na Califórnia, há algum tempo. Existem rumores de que um iPhone fold ou flip seja anunciado em breve.

Lançar um modelo do gênero confirma a tese de que a Apple está focada em colocar essa tecnologia em seus dispositivos de ponta. Nesse sentido, houve progresso na Apple: protótipos deste novo produto dentro do grupo de design industrial da gigante têm vinco – quase – invisível e a empresa quer lança algo no mercado em 2028.