“O Uber roubou nossa tecnologia porque está tentando ganhar a corrida [do mercado de carros autônomos] a todo o custo”, disse Charles Verhoeven, advogado da empresa de carros autônomos Waymo, durante o primeiro dia do julgamento de um processo da empresa contra o aplicativo de carona paga Uber. A companhia -- que tem como dona a Alphabet, holding que também controlar o Google -- acusa a rival de ter roubado segredos tecnológicos estratégicos de seu projeto de carro sem motorista.
O advogado da Waymo foi o primeiro a falar ao júri. Ele disse que o Uber trapaceou quando Anthony Levandowski, ex-engenheiro da Waymo, teria roubado mais de 14 mil arquivos confidenciais em dezembro de 2015. Entre os arquivos estavam desenhos de tecnologias para veículos autônomos. Quando deixou a Waymo, Levandowski fundou a Otto, uma startup que desenvolveu um caminhão sem motorista e, mais tarde, foi adquirida pelo Uber. Após a compra, ele se tornou um dos principais executivos do Uber nessa área. O advogado do Uber ainda não falou ao júri sobre as acusações.
"Estamos trazendo esse caso porque Uber está trapaceando”, disse Verhoeven ao júri. “São dois concorrentes e uma das empresas decidiu que precisava ganhar. Perder não era uma opção.”
O julgamento deve demorar cerca de duas semanas e será decidido por um júri formado por dez pessoas. O júri terá que decidir se as informações citadas pela Waymo são de fato segredos comerciais e não de conhecimento comum, se o Uber adquiriu os dados de forma correta, os usou ou se beneficiou deles.
No total, as empresas devem interrogar 99 pessoas nas próximas semanas. A Waymo pretende chamar o diretor-executivo da própria empresa, John Krafcik como a primeira testemunha. O ex-presidente do Uber, Travis Kalanick está no topo da lista das testemunhas da empresa de compartilhamento de viagens.
Investigação. A Waymo processou o Uber no ano passado por roubo de informações sigilosas. A empresa estima em US$ 1,9 bilhão os danos causados pelo suposto roubo. O Uber rejeita a possibilidade de pagar pelos danos financeiros.
O julgamento estava previsto para novembro do ano passado, mas foi adiado porque o Uber não entregou uma das principais provas, uma carta escrita pelo ex-analista de segurança da empresa de caronas, Richard Jacobs, à Justiça.
Na carta, o ex-funcionário do Uber disse que a equipe de segurança tem funcionários “com a finalidade de adquirir segredos comerciais, códigos e inteligência competitiva”, e uma segunda equipe que “frequentemente se envolve em fraude e roubos”.