iPhone 14: Apple atinge novo nível de elitização com seu smartphone

No Brasil, os dois celulares mais modernos vão custar a partir de R$ 9,5 mil (iPhone 14 Pro) e R$ 10,5 mil (Pro Max)

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Por Bruna Arimathea, Bruno Romani, Guilherme Guerra e Lucas Agrela
Atualização:
4 min de leitura

CUPERTINO E SÃO PAULO - A Apple apresentou nesta quarta-feira, 7, a nova geração do iPhone com quatro modelos (iPhone 14, iPhone 14 Plus, iPhone 14 Pro e iPhone Pro Max). Entre as principais novidades, está a de que, pela primeira vez na história, a Apple colocou um chip “velho” em um iPhone novo – dois dos quatro modelos vão usar o processador lançado em 2021.

Essa mudança faz com que haja um novo elitização entre os clientes da marca, com uma “primeira divisão” (iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max) e uma “segunda divisão” (iPhone 14 e iPhone 14 Plus) para aparelhos da mesma família.

Mais simples, o iPhone 14 surgiu em uma versão com dois tamanhos diferentes para o seu modelo “tradicional”. Esses aparelhos receberam o processador A15 Bionic, o mesmo de toda a família do iPhone 13, lançado em 2021. A solução parece não ter empolgado a plateia durante o evento em Cupertino, na Califórnia, e não se ouviram cochichos e aplausos como de praxe.

O barulho voltou com o iPhone 14 Pro e o iPhone 14 Pro Max. Os dois modelos “Pro” ganharam o novíssimo processador da companhia, o A16 Bionic, capaz de fazer 17 trilhões de operações por segundo.

Assim, a diferenciação entre os modelos de 2022 passa a ser também no desempenho do celular, além da capacidade de armazenamento e da lente telefoto adicional da câmera. Até então, a Apple sempre renovava os processadores de uma nova linha de celulares, mantendo a diferenciação principalmente no conjunto de câmeras.

Elite

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Na prática, isso significa que os modelos “Pro”, mais caros, são, de fato, para profissionais que demandam alta capacidade de processamento, como em edição de fotos e vídeos ou jogos pesados – além de mais disposição para gastar.

A diferenciação entre “primeira” e “segunda divisão” pode ser resultado da escassez de chips. Desde 2020, fabricantes de eletrônicos do mundo inteiro sofrem com problemas na cadeia de suprimentos, afetando a produção de diversos itens de tecnologia – e a Apple não é exceção. Para evitar atrasos nas entregas, a marca americana poderia utilizar os processadores “antigos”.

Porém, ao menos no discurso, a Apple parece estar mesmo em busca da elitização. Um representante da empresa disse à reportagem que a decisão não está relacionada com a crise dos chips. A ideia seria “criar uma experiência Pro”

Dessa forma, clientes que quiserem experimentar as tecnologias mais avançadas da empresa terão de buscar aparelhos mais caros. No Brasil, o iPhone 14 Pro vai custar a partir de R$ 9,5 mil, enquanto o iPhone 14 Pro Max sairá a partir de R$ 10,5 mil. Os modelos “básicos” saem por R$ 7,6 mil (iPhone 14) e R$ 8,6 mil (iPhone 14 Plus).

Outro elemento que reforça o empurrão da companhia em direção a preços mais altos foi a aposentadoria do iPhone mini, que em 2021 chegou por R$ 6,6 mil. Ele deu lugar ao iPhone 14 Plus – embora a comparação direta entre os modelos não seja aplicável.

O movimento em direção aos preços – e margens – mais altos já foi dado em outros produtos da Apple, como MacBook, iPad e iMac.

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O analista Dan Ives, da consultoria WedBush Securities, acredita que isso forçará uma migração. “240 milhões do 1 bilhão de usuários de iPhone no mundo não atualizaram seus aparelhos nos últimos três anos. Acredito que a Apple está esperando uma grande migração para o iPhone Pro e o iPhone Pro Max”, escreveu.

* o repórter Guilherme Guerra viajou a convite da Apple

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